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Felipe d’Ávila com a palavra!

O que eu espero ouvir de um candidato a Presidente pelo Partido Novo? Algo que ele ainda não disse e nenhum outro candidato a presidente também não. Explicarei após uma pequena introdução. 

Estou filiado ao Partido Novo pelo mesmo motivo que, durante muito tempo, fui filiado ao Partido da Frente Liberal e nele militei. Ingressei no PFL, com 36 anos de idade, logo no nascedouro do partido, em 1985. A ele fui levado pelo ex-deputado federal, hoje um grande amigo, Rubem Medina, que me apresentou Marco Maciel, um liberal de fato. 

Marco, falecido há pouco tempo, criou os Cadernos Liberais, publicados pelo partido e eles foram as minhas primeiras cartilhas sobre o liberalismo. Em seguida, li José Guilherme Merquior e desembestei a ler o que encontrei no caminho sobre o tema. 

O PFL foi destruído quando os clãs Maia e Bornhausen resolveram tomá-lo exclusivamente para eles. Tiveram, pelo menos, o escrúpulo de trocar o nome do partido para dar um aviso aos liberais: “Agora somos, tão somente, Democratas”. Em pouco tempo, a democracia de fachada fez com que o desejo dos Maias prevalecesse sobre os dos Bornhausen. E, no conjunto, surgiu uma nova época em todos os partidos, com a exclusão do poder de decisão dos filiados. 

A minha compreensão sobre o papel do Estado Brasileiro me levou às opções pelo PFL e, recentemente, pelo NOVO. Eu diria até que a minha repugnância ao Estado Brasileiro como ele é e como funciona impulsionou a minha decisão. 

Por concurso público, fui colocado durante boa parte da minha vida no corpo do Estado Brasileiro e lá aprendi como ele é. Nada nele funciona adequadamente e na proporção do que seus agentes recebem para cumprir com a sociedade as tarefas que ela espera e pelas quais paga regiamente. 

Fugi das cadeiras do Estado Brasileiro em 1999. Nelas ou nada se faz ou se apanha muito daqueles que dividem o ambiente com você, pelo que você tenta fazer. Eis aí a causa dos processos aos montes que incomodam e queimam o patrimônio pessoal e a imagem de quem se aventura a, simplesmente, trabalhar para fazer jus ao que ganha. 

As carreiras mais brilhantes no setor público, são as ociosas, porque são levadas com calma ao sabor dos ventos e das promoções automáticas. Bajular o poder do momento faz parte do manual de normas de sobrevivência. 

Mas, eu goste ou não dele e defenda que ele poderia ser melhor e menos pesado, o Estado Brasileiro existe, porque precisa existir. Afinal, ele é uma delegação da sociedade para que ela possa fugir da barbárie, um ambiente onde não há leis e cada um vai por si mesmo. Um mundo onde o mais forte e mais rico, engole o fraco e o pobre. 

Portanto, se o Estado é necessário, que seja, então, eficiente pelo menos naquilo que nenhuma estrutura privada possa agir sem levar a sociedade à barbárie: a segurança pública. Sobre isso, cito o deputado Max Weber – isso mesmo, o brilhante sociólogo, foi deputado. Imagina! Disse ele na famosa Conferência “A política como vocação”, proferida em Munique, pouco antes de morrer: “Se não existissem instituições sociais que conhecessem o uso da violência, então, o conceito de Estado seria eliminado e surgiria uma situação que poderíamos designar como anarquia. Hoje, as relações entre o Estado e a violência são especialmente íntimas. O Estado é uma comunidade humana, que pretende com êxito, o monopólio do uso legítimo da força física dentro de um determinado território. O Estado é considerado como a única fonte do direito de usar a violência”. 

Portanto, só ao Estado é possível garantir a segurança pública. Eis aí o assunto que eu gostaria de ver tratado pelo candidato a Presidente do meu partido. O que pretende ele fazer com a situação de absoluta insegurança que há na sociedade brasileira e em especial, no Estado do Rio de Janeiro ? O que pensa ele sobre a posição assumida pelo atual presidente da república de transferir para o cidadão, o cuidado com a própria segurança, tendo armas na cintura e espingardas e fuzis em casa? Sobre o que pensa Felipe d’Ávila e o meu partido sobre um punhado de assuntos, eu sei. Mas, sobre segurança pública, ainda não se falou. 

Os demais presidentes brasileiros, antes de Jair Bolsonaro, empurraram a atribuição para os governadores, com o argumento de ser um assunto que a Constituição Federal mandou tratar com eles. Papo furado. Os presidentes não sabem  o que fazer com o problema e evitam o desgaste que a falta de solução produz.  

Se assim é, então que desistam do desejo de governar e até mesmo da política, que Max Weber definiu com propriedade: 

“A política é como a perfuração lenta de tábuas duras. Exige tanto paixão, como perspectiva. O ser humano não teria alcançado o possível se repetidas vezes não tivesse tentado o impossível. Mas, para isso, o ser humano deveria ser um líder, mas não apenas um líder, mas também um herói, no sentido muito sóbrio da palavra. E mesmo os que não são líderes nem heróis devem armar-se com a fortaleza de coração que pode enfrentar até mesmo o desmoronar de toda a esperança”.

Boa semana para vocês. 

Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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“Um ninho de ratos”

A minha ignorância ainda me causará problemas sérios. Mas, vou peleando mesmo com ela. Vejam vocês agora o caso da Ceagesp. Ela é uma empresa gigante. É o maior conjunto de armazéns da América Latina e eu não sabia disso. Santo Deus! Quanta informação importante eu perdi até o dia em que parei para ouvir os discursos do capitão Jair Bolsonaro, Presidente da República e do Coronel PM, Mello Araújo, nomeado pelo capitão, presidente da empresa. Eles falaram bonito que só, na sede da Ceagesp. 

Eu tinha a obrigação de conhecer a empresa, afinal ela está arrolada como patrimônio do povo brasileiro e eu sou parte dele. Ela é, segundo o Coronel PM, “uma potência do agronegócio”.  “O maior entreposto da América Latina!”. E eu não me sentia dono de tudo isso. 

A Ceagesp atende a 1.500 municípios brasileiros e a 22 países diferentes. Por ela, transitam, por dia, 50 mil pessoas, que fazem do negócio uma empreitada de 11 bilhões de reais por ano. Quatro mil toneladas de alimentos passam por lá antes de chegarem à mesa das brasileiras e brasileiros. De chegarem à minha mesa! Olhem que coisa! 

O lugar onde está a Ceagesp é tão importante que tem uma torre de identificação. A torre precisava de reformas e elas aconteceram finalmente. A placa de bronze na entrada da torre teria o nome do capitão Bolsonaro gravado, mas a cruel lei brasileira não permite homenagem à gente viva. O presidente da Ceagesp, então, optou por uma gratidão sútil: mandou cunhar na placa de bronze, a imagem da cicatriz que o presidente carrega no abdômen, consequência da facada que ele recebeu na campanha. 

A Ceagesp que é minha e sua também, faz caridade. Isso eu não sabia e acredito que você de igual modo.  Por decisão do coronel nomeado pelo capitão, a empresa não desperdiça mais alimentos e com a sobra deles, em apenas 50 dias, 51 toneladas foram entregues, de graça, aos pobres e foi desenvolvida uma vitamina que o Presidente da República experimentou no palanque, como prêmio pelo discurso duro e sagaz. O capitão viril quis saber sobre a presença de “aditivos” na composição da vitamina. Foi engraçado! O capitão tem bom humor. 

Ao saber de tudo isso, fiquei feliz com o discurso do Presidente da República, na parte em que ele afirmou: “E aqui, quando se fala em privatização…quero deixar bem claro…enquanto eu for presidente da república, essa é a casa de vocês. Nenhum rato vai sucatear isso aqui pra privatizar pros amigos. Não tem espaço pra isso aqui. Deixo bem claro”. 

Mas, calma lá. Quando o presidente fala que a Ceagesp é a “casa de vocês”, eu estou incluído? Sacudi a cabeça para expulsar o mal pensamento e continuei a ouvir o Presidente. Ele disse mais. “Aqui é um ninho de ratos. Aqui extorquem e achacam os mais humildes. Aqui existem máfias. A máfia de roubo de caixotes, a máfia dos boxes, a máfia da limpeza e a máfia do lixo”. E gritou bem alto: “É inadmissível um entreposto como esse estar nas mãos de político que se usa disso…” Aplaudi de pé! 

Antes de ouvir o presidente, ouvi o Coronel PM. Depois de me emocionar com o capitão, voltei ao Coronel. Fiquei num ir e vir extasiado! Ele, coronel,  disse:   “A Ceageap era uma cidade judiada ao longo dos anos. A corrupção imperava, o errado era o certo e a honestidade foi esquecida”. 

Onde eu estava com a cabeça, enquanto destruíram a minha empresa e acumularam, em meu nome, 60 milhões de reais em dívida crescente? Aprendi a lição e agora estou tranquilo, porque o capitão e o coronel estão de olho nas máfias e nos políticos que tomaram a Ceagesp de assalto. 

Peraí! E quando o capitão não for mais o presidente e o coronel, leal a ele, não estiver mais lá. Quem tomará conta daquilo? Eu não terei tempo pra isso. Posso até ajudar, quando for votar para presidente, mas será que ele fará o que eu quero? Não é essa a rotina. 

Eu paro e penso. Paro, penso e faço um apelo ao meu presidente capitão: Não me saia daí sem vender essa minha empresa. Pelo menos essa. Se tiver tempo, venda outras, mas, caso não, venda pelo menos essa. 

Por favor, presidente, peça – peça não – dê uma ordem clara ao Ministro Guedes, esse cara que não vende uma agulha do governo, para vender a Ceagesp. Ele não precisa me mandar a minha parte. O senhor pode usá-la como quiser, só não a utilize na compra de outra empresa, porque são poucos os coronéis com disposição para colocar ordem nas empresas que o governo domina e diz que são minhas. 

Bem gente, se queremos que o processo de privatização saia do papel, é hora de colocar algumas pessoas numa sala de aula e num quadro negro expor, um por um, todos os motivos que justificam as vendas. Um deles está no final do discurso que o presidente capitão fez na Ceagesp. Ele disse, num tom de campanha: “O Brasil é nosso! A Ceagesp é de vocês”. Ou seja: os donos do Brasil somos todos nós brasileiras e brasileiros, mas a Ceagesp nem de todos nós é. Se for necessário ser mais claro, pedirei ao presidente que desenhe. 

É hora de partir pra dentro das privatizações antes que os capitães e coronéis bonzinhos saiam do poder. Concordam? 

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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Quantos presidentes vale um prefeito?

Só teremos eleições para presidente em 2022. Antes, daqui a pouco mais de um ano, iremos às urnas para as campanhas municipais, que aproximam o eleitor do sentido da política e da consequência imediata do voto.

Está com os prefeitos e vereadores a responsabilidade direta pela qualidade de vida das pessoas que usam as calçadas, as ruas, os transportes, se submetem à maneira como o trânsito funciona, apelam pelo primeiro atendimento médico, precisam da garantia da ordem urbana e da têm necessidade absoluta, absurda, de acesso à educação, uma dificuldade nacional.

O primeiro contato da criança com a educação, nas escolas e creches, está no ambiente dos prefeitos e vereadores e isso é relevante para a maioria da população brasileira, que não pode arcar sozinha com os custos de educar os filhos.

O cuidado com a primeira infância e com a relação das crianças com as escolas é indispensável para um país onde a educação, principalmente, a pública, deseduca. Se, de fato, desejamos mesmo dar uma grande virada no jogo da educação, deveríamos começar por onde ela começa, nas decisões dos prefeitos e dos vereadores.

A pobreza hereditária é outro problema que o Brasil precisa resolver se quiser, de verdade, diminuir a desigualdade social. Vejo presente um discurso recorrente de redução das desigualdades, mas com uma miopia que dificulta identificar o papel da educação no processo. Por isso, parte-se para a caridade e exploração política da miséria, mas não para as medidas concretas de eliminação do problema, que depende da reversão das expectativas de permanência na pobreza dos filhos dos pobres.

A educação é a solução para desigualdade, porque abre janelas de oportunidades para melhor ocupação e renda, num processo que se torna mais fácil se começar bem e o começo é com os prefeitos e vereadores.

Quando se joga no tabuleiro o conceito de oportunidades, não há como fugir da mobilidade como tema essencial. O emprego e a profissionalização são um peso imenso sobre as costas de quem depende do transporte público e o pobre depende. Neste campo, novamente, as prefeituras têm função relevante.

A ordem urbana que, no ponto mais importante, implica na decisão sobre onde e como se pode construir e morar, é outro item na pauta de competência dos municípios e isso tem tudo a ver com a qualidade do ambiente, violência e crime. Já se sabe disso com sobra.

Além disso tudo, administração municipal é o espaço melhor para se aprender sobre os orçamentos públicos, sobre a qualidade dos gastos, e para se iniciar uma vida na política.

Todas essas situações definem as eleições municipais como altamente relevantes para o povo brasileiro. Eu diria, mais relevantes do que as eleições para presidente e, estupidamente, mais do que a escolha de governadores. O que pode um presidente fazer, por exemplo, para se ter eficácia na educação na primeira infância ou qualidade na mobilidade?

Entretanto, no Brasil, não se faz campanhas sem partidos políticos. E, como teremos campanhas em todas as cidades brasileiras, estamos numa boa hora para os partidos provarem que podem ser mais do que cartórios de registro de candidaturas e agências de financiamento de campanhas eleitorais e distribuidoras de tempo de propaganda na televisão e no rádio.

Quem dirige os partidos deveria deles fazer centros de formação política e, desde já, de debates sobre as funções relevantes dos prefeitos e vereadores, para motivarem candidatos bons e colaborarem com o processo de decisão do eleitor, infelizmente, sempre chamado a decidir sobre o menos pior e, raramente, sobre o melhor.

Se os dirigentes dos partidos já tinham antes essa obrigação e não cumpriam, que cumpram agora, porque o povo brasileiro tem pago a conta, via fundo partidário e fundo eleitoral e não tem alternativa fora da política para promover as transformações essenciais na estrutura administrativa pública para ter qualidade de vida.

Há quem queira que os partidos não sejam financiados com dinheiro público, porque entende que a política não tem função social. Mas, sem função social, ela não faria o menor sentido na vida das pessoas. Não se pode condenar o dinheiro público nos partidos, porque eles não cumprem o papel que deveriam cumprir. Faríamos melhor cobrando deles a função que lhes cabe.

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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Mente na posse ou na campanha?

O que se pode esperar do discurso de posse de um presidente da república? Em que bases ele deve ser construído? Li o que consegui ler e ouvi o que consegui ouvir dos comentários sobre os dois discursos que fez o presidente Jair Bolsonaro no dia da posse. O primeiro, no plenário do Congresso Nacional. O segundo, no parlatório do Palácio do Planalto.

O Estadão se pronunciou em editorial, “A posse de Bolsonaro” com produtos do teclado da jornalista Vera Magalhães. A Folha de São Paulo participou com “Retórica da posse” e com as letras do Ricardo Balthazar, com “Bolsonaro rompe tradição ao ignorar desigualdade do país”. O Globo chegou com o velho hábito de dar uma no cravo e outra na ferradura. No cravo, quando fez meio elogio com “Acenos positivos ao entendimento e ao fim das divisões” e na pena do imortal Merval Pereira com “Duas Vozes”. Na ferradura, criticou os dois discursos com os artigos de Bernardo Mello Franco e Miriam Leitão.

Não fui ainda às páginas das revistas semanais. Mas, ontem, ao retornar de Teresópolis, ouvi Dora Kramer na Band News e alguns outros comentaristas que não consegui identificar, por precisar prestar mais atenção ao que acontecia em torno de mim na estrada. Na Band, Dora e todos os demais criticaram o presidente.

Em todos os veículos que visitei, tanto os críticos como os concordantes curvaram-se à iniciativa da primeira dama, Michelle Bolsonaro que, no parlatório, discursou antes do presidente, em linguagem de libras, interpretada por uma mulher, que a imprensa não nominou, mas qualificou como assessora. Os críticos foram unânimes: “o presidente permanece no palanque!” .

Minha praia é a estratégia, que precisa estar em todas as decisões, principalmente, na comunicação. Daí, eu pergunto: deveria o presidente na posse, falar para o regalo dos jornalistas e comentaristas ou reafirmar ao povo que o elegeu os compromissos que assumiu com ele?

Olhando da areia da minha praia, eu afirmo: o presidente acertou. A posse é o momento do encontro dos eleitores com os eleitos. É o grito mais alto de vitória. Não é hora dedicada aos jornalistas, nem aos políticos, nem aos críticos ou comentaristas. É hora sagrada na relação dos eleitos com os eleitores.

Mais a mais, que discurso poderia fazer o presidente Jair Bolsonaro para ser elogiado pelos comentaristas e críticos? Eles aceitariam bem na fala do presidente, o que cobram na crítica? Algo do tipo: “o que eu falei na campanha, só valeu para a campanha”.

O que esperavam a imprensa e os contrários? Que Jair Bolsonaro tivesse um discurso na campanha e outro no mandato. E se ele fizesse isso? Imaginem o que aconteceria!

A estratégia de comunicação do Presidente surpreendeu na campanha e surpreendeu na posse. Surpreendeu a imprensa, mas agradou os eleitores. Então, venceu!

Por Jackson Vasconcelos