fbpx

Uma Casa mal assombrada

Compartilhe!

Share on whatsapp
Share on facebook
Share on linkedin
Share on twitter
Share on email

No Estado do Rio de Janeiro, desde 1974, ano em que, no tranco, foi extinto o Estado da Guanabara, não houve um governador que tivesse vida longa na política e o destino dos últimos tem sido muito infeliz.  

Floriano Faria Lima foi o primeiro. Não chegou lá pela política, mas quando de lá saiu não se soube mais dele, até 2011, quando, por mero dever protocolar, a imprensa noticiou que ele, aos 94 anos, faleceu. 

Após Faria Lima, houve Chagas Freitas, que, “No intervalo que separa a morte política dele da morte física, fora despido de todos os símbolos de poder: seu império jornalístico fora vendido e seu grupo político muitas vezes negou identificação com o líder. Socializado politicamente nas fileiras do chaguismo, Miro Teixeira emergiu da redação de O Dia para assumir o posto de herdeiro político de Chagas Freitas. Mas, na campanha eleitoral de 1982, por perceber a dificuldade de se contrapor aos críticos de seu mentor político, afastou-se dele e foi derrotado”. As citações são do livro “A Política Carioca em Quatro Tempos”, que reúne textos de Carlos Eduardo Sarmento, Marly Motta e Américo Freire. Uma obra que deveria compor a leitura de quem queira entender como é a complicada política carioca. 

Mesmo com tais destinos, sorte melhor tiveram Floriano Faria Lima e Chagas Freitas do que seus sucessores. Quando dirigiu o Informe O Dia, o jornalista Jan Theophilo, numa nota, alertou o povo do Rio de Janeiro: “Ao que parece lá vamos nós de novo”, dizia ele no início do primeiro governo Cabral, para completar: 

“Todo governador do Rio começa o mandato sonhando com a Presidência da República e termina tentando não sair preso do Palácio”. Cabral mandou-lhe um duro recado. 

Por que será esse o destino dessa gente? O povo não sabe escolher? Será que a estratégia deles para permanência no poder é equivocada? Será uma sina? 

O casal Ariel e Will Durant, autores da mais completa coleção sobre a História da Civilização, abre o capítulo XXII do volume “Começa a Idade da Razão”, afirmando: “As religiões nascem e podem morrer, mas a superstição é imortal”. O caso do Rio de Janeiro será uma maldição do Palácio Laranjeiras, uma casa que parece mal assombrada? 

Quando o governador Wilson Witzel entrou na ciranda, lembrei-me de uma das propagandas criadas pela Artplan, para a campanha do candidato Moreira Franco em 1982, e fiquei matutando: “Caramba! Os irmãos Medina já sabiam que o Palácio Laranjeiras era mal assombrado. Deveriam ter-nos avisado!”. 

Criada para a propaganda eleitoral na TV, a peça mostrou o Palácio Laranjeiras com todo jeitão de uma casa mal assombrada, ocupada, há anos, pelo fóssil de um governador ultrapassado, o senhor Chagas Freitas. Uma voz grave leu um texto bem formulado, talvez pelo brilhante Evandro Barreto, que prometia exorcizar o Palácio com o “exorcista” Moreira Franco. 

Contudo, Brizola venceu a eleição. Mas, Moreira Franco lá chegou quatro anos depois e o futuro dele na política após deixar o governo, evidenciou que, ao invés de exorcizar o Palácio, o governador se deixou incorporar pelos maus espíritos. 

Como não sou supersticioso, estou certo de que os destinos ruins dos governadores têm outro motivo. Está no modo como eles entendem a função. Assim que eleitos, eles se acham absolutos, seres especiais ungidos pelos deuses para tratarem os assuntos do estado como bem queiram. E como o estado é enorme e poderoso, eles, do mesmo modo como fez Napoleão, a si mesmos coroam, imperadores. Mas, como não vivemos num Império, eles têm acabado mal cada vez mais cedo. 

Todos teriam melhor destino se o Estado fosse menor, menos poderoso e arrogante, do jeito como pedem os liberais. Com menos espaço para fazer arte, os governadores arteiros poderiam ter dito melhor destino. 

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

Mais Publicações

Artigos distribuidos

O BOI DE PIRANHA! 

Jackson.  26 de abril de 2024 Conta o velho costume que o melhor modo para atravessar uma boiada num rio onde há piranhas, é oferecer-lhes,

Artigos distribuidos

“GOSTEI DO SÉCULO”. 

Márcio Moreira Alves, jornalista, deputado federal, foi alguém que pela coragem ou ingenuidade, desafiou o poder militar no tempo em que fazer isso era  considerado

Quer aprender mais sobre política?

Conheça nosso curso.