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Tô de saco cheio da democracia!

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Roberto Stefan Foa e Yascha Mounk utilizam no trabalho “A desconexão democrática”, dados do World Values Survey e o período entre 1995 e 2014, para demonstrar  que nos Estados Unidos, em 1995, 16% das pessoas entre o final da adolescência e o início da vida adulta consideravam a democracia um regime “ruim” ou “muito ruim”.

Em 2011, 24% dos jovens nessa faixa de idade tinham a mesma opinião. Na Europa, no mesmo período, esses percentuais variaram de 8% para 13%. A análise dos dados leva os autores a sustentar a hipótese de que poderia estar acontecendo uma “desconsolidação democrática” nos países em que as democracias há mais tempo e mais profundamente se enraizaram.

Por que será? Quando a gente olha de perto as últimas eleições no Brasil e o que ocorre nos Estados Unidos na disputa pela Presidência da República é possível encontrar a resposta: ausência de lideranças. Não há no mercado da política, políticos que entusiasmem os eleitores. E, no Brasil, não é de agora. Nos Estados Unidos o fenômeno só apareceu diante do mundo nesta eleição. Lá e cá a causa é a mesma.

Lá, o Partido Republicano criou o fenômeno ao oferecer à escolha dos eleitores o candidato Donald Trump. A presença dele no cenário levou a seleção para um campo da escolha do menos pior e não do melhor. Deana Bass, republicana e negra, assessora de relações públicas, comprova o fato, na entrevista que concedeu à enviada especial do jornal O Globo a Washington, Mariana Gonçalves. “Você votará em Donald Trump?”, perguntou a repórter. Deana respondeu: “Sou republicana, e o fato de Trump dizer coisas desagradáveis não muda isso. Esperava que ele não fosse o indicado pelo partido, mas foi. Na verdade, meu voto é contra Hillary. Conversei há pouco com um democrata que disse que votaria em qualquer um para evitar que Trump vencesse. Assim estamos neste país”.  A última pergunta da repórter foi: “Trump tem qualidades?”. Deana respondeu: “Repito, sou mais contra Hillary que pró-Trump…”.

0311-oglobochargeA charge do Chico Caruso na capa da mesma edição do O Globo aproxima a campanha no Rio de Janeiro, que elegeu Marcelo Crivella, da campanha para Presidente dos Estados Unidos. Hillary, com bottom de campanha do Marcelo Freixo corre atrás do Trump, que exibe no paletó o bottom de campanha do Marcelo Crivella.

Deana mostra que o problema lá está na escolha do Partido Republicano sobre quem o representaria nesta eleição. O problema aqui é exatamente o mesmo e há mais tempo: os partidos oferecem aos eleitores candidatos que não entusiasmam. Então, devolver aos jovens a apreço pela democracia me parece caminho fácil. Está em consertar os partidos.

Roberto Stefan Foa é pesquisador do World Values Survey e do Laboratório de Pesquisa Social Comparada da Escola Superior de Economia em São Petersburgo, Rússia. Seus textos aparecem em diversos periódicos, livros e publicações da ONU, OCDE e Banco Mundial.

Yascha Mounk é professor de teoria política do Departamento de Go- verno da Universidade Harvard e pesquisador do New America, um think tank com sede em Washington D.C. Sua tese de doutorado, so- bre o papel da responsabilidade pessoal na política contemporânea e filosofia, será publicada pela Harvard University Press. Seus ensaios aparecem na Foreign Affairs, no New York Times e no Wall Street Journal.

Por Jackson Vasconcelos

 

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