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Os conselhos do Paulo Hartung

Erra quem diz que o mandato de um governador é de quatro anos, renovável por mais quatro se a população desejar. Vejam o caso do Estado do Rio. O governador de agora, com apenas dois anos de mandato, responde pelo pagamento de dívidas contraídas por seus antecessores. 

Pode-se dizer, então, que Sérgio Cabral, Pezão ou, quem sabe, Garotinho, Marcello Alencar, Benedita e Rosinha ainda andam por aí no governo, representados pelas dívidas que contraíram em nome dos contribuintes. Wilson Witzel também, pelos problemas que criou. Os argumentos de cada um deles e delas para o problema são variados, mas têm o ingrediente comum e cômodo da injustiça da União com o Estado. 

Se Cláudio Castro vencer o desafio de governar dando jeito na casa, seja só pelos dois anos e pouco, seja por mais quatro, o que ele conseguir fazer atravessará o tempo e assegurará vida melhor para quem, por escolha ou por origem, está no estado. Empresas e pessoas. Se ele, ao contrário, não encontrar as saídas, seu governo se juntará, em desgraças, aos demais. O tempo relativo, não absoluto, dos mandatos, diz da personalidade de um governante, que pode ser a de um estadista, de um simples governante de passagem pelo governo ou de um oportunista. 

Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo, dá sentido a uma conversa desse nível, pelo que fez no seu estado, com o reconhecimento da população, que três vezes lhe deu o governo do estado. Uma quarta ele não quis. Foi Senador, deputado federal, deputado estadual e prefeito de Vitória. Parte do sucesso que ele teve nasceu da capacidade de formar um bom grupo político. 

Por enquanto não sei os motivos que levaram o ex-governador Paulo Hartung a publicar no Twitter conselhos para os cariocas e fluminenses. Pelo que está dito lá seria só para fazer referência à participação dele num encontro na Casa Firjan. Mas, sabe-se lá ? As notas são de hoje, dia em que escrevo o artigo, segunda-feira, 17 de janeiro. Disse ele: “Quando o ES cansou de ver as coisas indo de morro abaixo, a sociedade se levantou e as forças políticas acompanharam, iniciando um processo de reconstrução do Estado. Enfrentamos o crime organizado, resgatamos o equilíbrio fiscal e produzimos históricos resultados na área social”. E disse mais, com uma frase que lembra Marcelo Crivella, que anda sumido: “Só cuida das pessoas quem cuida das contas…”. É verdade. 

Os conselhos do ex-governador são bons conselhos e há mais deles, bem mais, no livro que ele publicou, “Brasil, Desafios e Propósitos”. Uma coletânea de opiniões já publicadas em vários veículos da imprensa. A política é homenageada pelo Hartung, desde a introdução, quando cita a pensadora Hannah Arendt: “O sentido da política é dado pelo fato de ela ser um meio para um fim mais elevado, sendo a determinação dessa finalidade bem diferente ao longo dos séculos”. 

Paulo Hartung está sem partido. É o que se consegue saber quando se busca por ele nas redes. Eis aí uma oportunidade para os partidos que, ainda sem candidato a presidente, queiram fazer uma boa aposta. 

Bem. Até a próxima semana, gente. 

*Artigo publicado no Diário do Rio.

Por Jackson Vasconcelos

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Chega de esmolas!

Já demos tempo demais aos socialistas. Tenho 10 perguntas para fazer a você, que me lê, para as quais tenho uma só resposta. Contudo, pode ser que você tenha outra ou outras mais. Quem sabe? 

Começo, então, o questionário: 

  1. Qual é o problema se existem 33 partidos políticos no Brasil ou se vierem a existir 330, 3.300 ou 33 mil se cada um deles for sustentado exclusivamente pelos filiados? 
  2. Que mal há no fato de a Justiça Eleitoral autorizar um pleito para, depois de realizado, anulá-lo e realizar outro, se quem tomou a decisão pagar as despesas ou assumir os prejuízos? 
  3. Você vê algum problema na anulação de processos judiciais já julgados em várias e repetidas instâncias, se quem deu causa aos prejuízos pagou por eles? 
  4. Que mal há no fato de a União ser o acionista majoritário de algumas empresas, como Petrobras, Correios, Eletrobras e um punhado de outras, num mercado aberto à concorrência para que os consumidores e usuários possam decidir que serviços ou produtos preferem? Que mal há se essas empresas, se vencidas pela concorrência, encerrarem suas atividades sem nenhuma frescura burocrática?
  5. Seria ruim ter mesmo programas como Bolsa Família ou outros auxílios assistenciais, que mudam de nome como o país muda de governo, se os beneficiados estivessem obrigados a assinar um contrato com prazo certo de vencimento? Situação que os obrigaria a não depender por muito tempo do dinheiro do resto da sociedade? 
  6. Que prejuízo poderia ter a sociedade brasileira com universidades e hospitais públicos se quem utiliza esses serviços e pode pagar, pagar por eles? 
  7. Haveria algum problema no fato de a União ter 608 mil servidores públicos se eles forem necessários pela  necessidade dos serviços que prestam à sociedade e competência com que fazem isso? 
  8. Qual é o problema se ter aposentadorias de valor alto ou valor baixo, se quem as recebe pagou por elas? 
  9. Você veria  algum problema no fato de ex-presidentes da república permanecerem com os salários, seguranças e outros cuidados se estivessem impedidos de exercerem outras atividades remuneradas e impedidos de voltarem à presidência? 
  10. Que problema nos poderiam causar as residências e carros oficiais se os usuários pagassem pelo privilégio? 

Eu estaria satisfeito se o Estado Brasileiro, seus agentes e quem depende deles estivessem sujeitos às condicionantes que coloquei em cada questão. E você? E se você concorda comigo, acredita que o que está dito aqui poderá ocorrer em algum momento na vida do País? Eu acredito. E como se fará isso acontecer? 

É preciso que no Congresso Nacional, tenhamos mais liberais do que socialistas. 

Para se ter idéia do desafio que isso representa, registro que ao longo da nossa história, essa conta sempre esteve e está a favor dos socialistas. Por isso, a agenda de problemas do povo brasileiro não se vence. Aquele problema que pensamos resolvido, volta logo ou a qualquer momento. Perdemos a noção dos direitos como cidadãos, para recebê-los como donativos, socorro ou ato de filantropia de quem está no poder. 

Se conseguirmos colocar no Congresso Nacional uma maioria de liberais, o Brasil será melhor, ainda que venha a ter um presidente que diz que é, mas nem sabe o que isso, exatamente representa; ou um presidente que finge que é, por pura esperteza ou, ainda, um presidente que não esconda que não é e abomina que seja. É no Congresso que a coisa acontece. 

Encerro o texto de hoje com uma frase apropriada que tirei do melhor livro que li (sem exagero) sobre as funções de um historiador: “A Apologia da História ou O Ofício do Historiador”. Vale ler. É de Marc Bloch. O livro cumpre o compromisso do autor de falar para todos e ter responsabilidade com a verdade e quando, não a encontrar plenamente, deve dela se aproximar com responsabilidade e respaldo nos fatos. 

Pois bem, Marc Bloch diz: “Da ignorância do passado, nasce fatalmente, a incompreensão do presente”.  Estejamos vocês certos de uma coisa: o socialismo não deu certo e já teve tempo suficiente entre nós para provar o contrário. É hora, portanto, de  não ignorar o passado, quando chegar a hora de votar. 

Boa semana para todos.

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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O Discurso na ONU

A imagem é elemento essencial ao trabalho de quem dedica tempo às formulações de estratégia para o exercício da política e, por isso, eu levanto a dúvida: “Que imagem pode ter o Brasil diante do mundo e aos olhos dos 193 países membros da ONU e dos dois outros Estados observadores, a Palestina e o Vaticano, que assistem os discursos de abertura da Assembleia-Geral, por presidentes brasileiros eleitos? 

Fernando Collor de Mello, primeiro presidente eleito diretamente pelo povo brasileiro, lá esteve para o discurso de abertura e, algo depois, perdeu o mandato e foi cassado, acusado de corrupção. Luiz Inácio Lula da Silva lá esteve e após cumprir dois mandatos presidenciais e eleger a sucessora, foi preso pelo mesmo motivo que tirou Fernando Collor de Mello da Presidência. Dilma Rousseff, oradora de um brilhante discurso no primeiro mandato, que ressaltou o fato de ser ela “a primeira voz feminina a abrir a Assembleia-Geral da ONU” perdeu o mandato por desmandos administrativos. Michel Temer, lá também esteve, com a valsa nas mãos, depois de cumprir um curto período na presidência da república. Depois, a imagem dele divulgada no mundo todo foi de um presidente preso por corrupção. E, por fim, nas últimas assembleias, o Brasil se fez representar por um presidente, no Brasil, ameaçado de impeachment e no Brasil acusado de ser genocida. Um presidente que, sozinho no mundo, insiste em dizer que ele é o único sujeito certo quando não se vacina. 

As participações do Presidente Jair Bolsonaro, contudo, trouxeram uma vantagem para nossa gente, que passou a conhecer um pouco mais do que é a ONU e saber a razão de o discurso de abertura da Assembleia-Geral ser um privilégio de seus representantes. Uma dádiva de um brasileiro, aquele que foi o primeiro Secretário-Geral da ONU, o diplomata – diplomata de verdade – Oswaldo Aranha. 

Nossa gente conhece um pouco mais da ONU neste momento, porque existe uma radicalização absurda e improdutiva na política brasileira e essa atmosfera responde pelos aplausos de alguns e críticas de muitos aos discursos do Presidente do Brasil. Alguns e muitos falam do que, provavelmente, não conhecem, pela impaciência de ouvir e ler o que os políticos fazem e dizem. 

No Brasil, não há mais paciência no ouvir e no ler, seja o que for, se vier da política. O povo brasileiro está um tanto cansado de ver e ouvir coisas nas quais não consegue mais acreditar. 

Não temos orgulho de nossos presidentes, mesmo ela e eles tendo sido escolhidos por decisão nossa. Uma contradição! Um paradoxo! Alguma coisa está errada com nossos presidentes ou com nós mesmos. 

É hora de dar um tranco nesse modelo. Não acham? É possível partir para 2022 com os meus vícios, mesma impaciência e com candidatos requentados? Até quando vamos levar a política de qualquer modo, uns dizendo que a detestam e outros vilipendiando-a ? 

Não quero encerrar o texto de hoje sem chamar a atenção de minhas leitoras e leitores, certamente, todas e todos liberais, para o discurso de abertura do atual presidente do Brasil pronunciado na primeira participação dele na Assembleia-Geral da ONU, em 2019. 

Gente, como eu gostaria que ele acreditasse mesmo naquilo que disse para o mundo todo no primeiro momento do mandato! Não vou reproduzir na íntegra, para evitar que o meu artigo se torne longo demais, com palavras que não são minhas, mas que eu subscrevo. Para facilitar a pesquisa, deixo aqui o link da matéria onde está a íntegra do discurso.  Transcrevo um pequeno trecho como aperitivo:

“Em busca de prosperidade, estamos adotando políticas que nos aproximem de países outros que se desenvolveram e consolidaram suas democracias. Não pode haver liberdade política sem que haja também liberdade econômica. E vice-versa. O livre mercado, as concessões e as privatizações já se fazem presentes hoje no Brasil. A economia está reagindo, ao romper os vícios e amarras de quase duas décadas de irresponsabilidade fiscal, aparelhamento do Estado e corrupção generalizada. A abertura, a gestão competente e os ganhos de produtividade são objetivos imediatos do nosso governo…”

Estamos abrindo a economia e nos integrando às cadeias globais de valor. Em apenas oito meses, concluímos os dois maiores acordos comerciais da história do país, aqueles firmados entre o Mercosul e a União Europeia e entre o Mercosul e a Área Europeia de Livre Comércio, o EFTA.

Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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O liberal

Você, eleitor no Rio de Janeiro, tem algum interesse, mesmo que pequeno, assim, pequenino, no que acontecerá nas eleições em Anápolis ou Santo Ângelo? Será que os eleitores de lá estarão preocupados com o Rio de Janeiro, onde réus disputam a prefeitura tendo vices que ninguém sabe exatamente quem são?  Onde Igreja e Estado se misturam para tomar o dinheiro do povo crédulo e não crédulo? 

Se você é eleitor em São Paulo, a eleição em Maringá, onde o prefeito Ulisses Maia lidera com mais de 40% das intenções de votos, interessa a você? 

Pois é, cara leitora, caro leitor, esteja você onde estiver, as contas dos candidatos de todos esses lugares e de outras mais de 5.500 cidades é você quem paga, porque o Congresso Nacional formado, na grande maioria, por candidatos profissionais e quase todos representando o pensamento não liberal, decidiu assim. Estou a falar do Fundo Eleitoral, que tem um título mais adequado de Fundo de Financiamento de Campanhas. 

Para este ano está previsto o valor de R$ 2 bilhões no Orçamento da União, onde também ficam as rubricas da saúde, educação, saneamento básico, segurança e outros gastos, estes sim do interesse de quem paga a conta. 

É ou não é para ficar com raiva da política? Entretanto, a culpa não é dela, mas dos que acreditam que o Estado é obrigado a bancar todas as atividades humanas sem se preocupar com o custo e o retorno. Quando alguém decidiu que é bom produtor de teatro e, na verdade, não é, o contribuinte paga a conta. Quando alguém acredita que a velhice acontece aos 60 anos e é um mérito merecedor de prêmios, o contribuinte paga-lhe as despesas. E isso só acontece na cabeça torta dos não liberais, que desconhecem o óbvio: o Estado produz o dinheiro, mas não cria riqueza e quando ele atrapalha quem cria, o dinheiro que produz perde valor no bolso de quem paga os impostos. Simples, não? Na compreensão dos liberais, sim, mas na mente confusa e, por vezes esperta dos não liberais, nunca. 

Fico mais irritado com a razão da existência desse Fundo de Financiamento das Campanhas. Na raiz está o mal comportamento dos candidatos, que fizeram o diabo com as doações das empresas para as campanhas e as empresas que se aproveitaram disso. Nesse ambiente houve de tudo, do tráfico de influência à cara de pau, até que a bomba estourou. 

Em vista disso, o legislador, ao mesmo tempo candidato, resolveu fugir do risco de ser incomodado e facilitou as coisas para si mesmo. O contribuinte, que antes pagava a conta via obras a preços absurdos  e serviços públicos de péssima qualidade, passou a pagar diretamente. Os gênios não liberais encurtaram o caminho. Criaram uma lei que tira do contribuinte, direto, na veia, o dinheiro para as campanhas.  

Outro dia, numa conversa por zoom, um colega me questionou: 

  • Você e eu somos profissionais de campanha e recebemos em pagamento o dinheiro do fundo eleitoral. Então, para com essa hipocrisia, substitua-a pelo conceito da devolução: o Estado está devolvendo a você uma parte do que você pagou. 
  • Verdade! Agora fiquei mais “P” ainda. 
  • Por quê? 
  • Quer coisa pior, amigo? Você saber que está sendo pago pelos seus serviços com o seu próprio dinheiro, que serve para pagar os concorrentes também. 

Insisto: só há uma saída e é repensar o Estado Brasileiro, para tirá-lo da lógica dos não liberais, uma idiotice que faz parecer o dinheiro do contribuinte inesgotável. Leiam a Revolta de Atlas. Vale a pena. A escritora, Ayn Rand faz, em forma de romance, a trajetória mais indicada para quem paga, paga, paga e é incomodado só para poder pagar, pagar, pagar, cada vez mais impostos ao Estado opulento, chato e irresponsável. 

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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Os bodes e as ovelhas

Por favor, não me queira mal quem se sentir contrariado. Longe de mim – bem longe – passa a intenção de ferir alguém com o artigo de hoje. Piso devagar, porque do jeito que as coisas andam no mundo, assumir posições num campo polêmico pode representar um ato de coragem física, que não tenho muita. A coragem intelectual é atributo ultrapassado, porque os ouvidos no debate político são moucos.

O mundo está, no momento, nos extremos. Uns à esquerda e outras à direita. O centro até tenta existir novamente, mas ficou insosso, sem graça, sem argumento. Ninguém cai no bate dele. 

O meu primeiro contato na vida com os termos, esquerda e direita, aconteceu numa Escola Bíblica Dominical, de uma igreja batista, eu, ainda, no início da adolescência. Fiquei encucado com um texto presente no capítulo 25 do livro de Mateus. Lá está profetizado o Juízo Final, chamado de “Julgamento das Nações”.  

Num determinado momento, quando o mundo acabar, o Justo Juiz reunirá todas as nações diante dele e apartará uma das outras, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas. Ele porá as ovelhas à direita dele e os bodes à esquerda e dirá aos que foram colocados à direita: 

“Vinde benditos do meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo, porque tive fome, e deste-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me. Estava nu, e vestistes-me…”.

O público escalado questionou: “Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer ou com sede e te demos de beber?”. 

O Justo Juiz responderá: “Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”. 

Então, o Justo Juiz dirá aos que foram colocados à esquerda: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”.

E o enredo se repetirá  e a resposta surgirá com sinal trocado: “Senhor, quando te vimos com fome ou com sede, estrangeiro ou nu, enfermo…” etc e não te servimos?” A resposta foi: “Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim também.”

Mas, para dar de comer a quem tem fome e beber a quem tem sede, hospitalidade ao estrangeiro e atender aos enfermos, pensava eu, preciso ter tudo isso para oferecer. E se ninguém tiver o que oferecer? O que fará o Justo Juiz?  

Depois daquele tempo, todas as discussões que tenho conhecido sobre direita e esquerda fazem referência ao papel do Estado e ao uso que um lado e outro esperam conseguir dele. Poderia o Estado ser o supridor universal? Aquele que daria de beber a quem tem sede e comer a quem tem fome e cuidar dos enfermos? Sim, poderia e muitas vezes pretende fazer isso. Nunca consegue, porque, quem daria ao Estado as condições para suprir quem precisa dele? Os pagadores de impostos. Simples assim. 

A esquerda, por tudo o que propõe no mundo todo e não é diferente aqui, nitidamente,  desconhece um Estado dependente dos pagadores de impostos. Um Estado que, tanto mais pesado, menos condições oferece às Nações para produzirem a riqueza que diminui a sede, a fome, a enfermidade. Nações que reduzam o número de miseráveis pelo emprego e trabalho. 

Roberto Campos, um frustrado pensador da direita, já falecido, fez um memorável discurso na Associação Comercial de São Paulo no dia 19 de agosto de 1983, que está presente no livro Ensaios Imprudentes, publicado por ele pela Editora Record, em 1987. Retirei duas citações: 

  1. “O governo nada pode dar ao indivíduo que primeiro dele não tenha tirado”.  
  2. “Os que pensam que o Governo pode dar tudo o que a gente quer se esquecem de que ele pode também tirar tudo o que a gente tem”, citando Richard Nixon. 

A Nação Brasileira tem tido uma dificuldade imensa para produzir riquezas, porque o Estado pesa demais sobre os ombros de quem trabalha e investe. A proposta da direita, representada no governo mais pelo Ministro Paulo Guedes e equipe e menos pelo próprio Presidente, é diminuir esse peso. No Congresso e na imprensa, a esquerda faz o contraponto, batendo-se contra as reformas que o governo pretende fazer. Daí é fácil saber onde estão os bodes e onde se encontram as ovelhas. 

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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Deu Parasita!

Paulo Guedes acertou em cheio, gente! O cara é mesmo muito bom. Tem feeling. Deu Parasita no Oscar de melhor filme. 

Para tentar algum sucesso para o meu artigo semanal, serei parasita do Guedes e do Bong Joon-ho e tratarei hoje de uma espécie de parasita bem nacional: os donos dos partidos políticos. 

Esse é o momento para tratar deles, porque fala-se muito por aqui em riscos para a democracia e no berço da mais significativa democracia do mundo, os partidos políticos estão na fase de definir, pelo voto dos filiados e eleitores, os candidatos que irão disputar a Presidência da República. 

Por lá é assim que se dá o começo de uma disputa eleitoral. Por aqui, acontece de maneira diferente. Bem diferente! O dedo indicador dos donos dos partidos faz o serviço completo, sem debates, sem convenções e sem conversa. Eles enfiam goela abaixo dos eleitores os candidatos que querem. 

Talvez, por isso, a democracia que temos seja ainda tão pobre quanto a família de quebrados espertos do filme que levou o Oscar. 

Os donos dos partidos, principalmente, daqueles que têm representatividade para levar seus candidatos aos debates e aos melhores tempos de propaganda eleitoral na TV e no rádio, resolveram evitar uma surra parecida com a que levaram na eleição de 2018, quando nomes novos surpreenderam. Eles, então, neste momento, fecham as portas dos seus partidos para novas lideranças. É fácil perceber isso, quando a gente conversa com quem tem vontade de disputar a eleição para a prefeitura do Rio de Janeiro, por exemplo. E o mesmo movimento deve estar a ocorrer em outras praças pelo Brasil afora. 

A atitude é um abuso, porque os partidos, apesar de terem donos, não são eles os que pagam a conta. Exceto em um, ela é resolvida por todos os contribuintes, entre eles, os que buscam espaço para ingressar na política ou crescer nela. A legislação brasileira não permite candidaturas avulsas e dá aos partidos o monopólio do registro de candidatos. Está posta, portanto, a camisa de força. 

Desse jeito, os donos dos partidos sacrificam a democracia. Com eles, ela corre um risco bem maior do que com as declarações imbecis de quem sai por aí a falar no AI-5 ou  de outras bobagens. Essa situação, posso lhes garantir, é um paradoxo dos tempos novos da política brasileira, porque, na época do generais ditadores, existiu nos partidos a escolha dos candidatos pelo voto dos filiados e com disputas acirradas. A história registra a escolha do Paulo Maluf como candidato à Presidência da República na convenção do PSD, quando ele derrotou, no voto, o candidato dos generais, Mário Andreazza. Sou desse tempo, gente. Eu estava lá. 

Passados os generais, a prática continuou durante algum tempo. Em 1994, o PFL do Rio de Janeiro ficou dividido entre o apoio ao candidato a governador do PSDB, Marcello Alencar e uma candidatura própria, do engenheiro Roberto Procópio Lima Netto. Rubem Medina era o presidente do partido no estado. Houve uma disputa acirrada, numa convenção à qual compareceu, convocado pelo Lima Netto, um observador do TRE-RJ para garantir, não só a lisura da disputa, mas a isonomia das condições dadas às duas propostas. 

Fala-se muito em reforma política. Precisamos mesmo dela, mas só se ela eliminar, de vez, os parasitas que estão entranhados nos partidos políticos. E isso deveria interessar a todos os que disputam o voto dos eleitores, aos da esquerda, do centro e da direita, porque do jeito que estamos caminhando, os eleitores têm resolvido pelo “não voto”,  a dificuldade de encontrar nos pleitos os candidatos que gostariam. E, gente, há risco maior para a democracia do que uma eleição onde os escolhidos são eleitos pela minoria ou sempre pelo voto da rejeição e nunca da esperança. 

É assim que tem sido. É só examinar os resultados das últimas eleições. Daqui a pouco todos deixaremos de votar, porque os nomes que nos apresentam são estupidamente ruins e não há partido por aqui que nos dê melhor escolha.

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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Ao fogo eterno!

Sofistica-se demais o conceito de administração pública e essa sofisticação produz obras, seminários, teses, dissertações, cursos de pós-graduação, MBA e outras causas nobres. 

O conceito de administração pública é simples, complexa, talvez a aplicação e isso, quem sabe, explique toda a parafernália de escritos e ensinamentos. 

A definição de administrador público é de um gerente que cuida dos recursos, patrimônios e dinheiro dos outros. Simples assim. Por honestidade e fidelidade deve aplicá-los onde o dono determina, onde ele deseja, caso contrário, com justiça, o administrador será considerado desonesto ou, no mínimo, um “mordomo infiel”, aquele citado por Jesus Cristo no livro de Mateus, 25, situação de boa lembrança, porque andamos a viver em um  tempo em que os administradores públicos e políticos gabam-se de serem cristãos, especialmente, “terrivelmente” evangélicos. Falam com Deus e em nome dele operam, mesmo que ele, Deus, provavelmente, não os tenha autorizado. 

Em Mateus 25, Jesus Cristo faz referência a um homem que, partindo para o exterior, chamou seus três servos e entregou-lhes os seus bens, a cada um segundo a sua capacidade de trabalho. A um, deu cinco talentos, a outro, dois e ao último, um. Diz o texto: “E tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles, e granjeou outros cinco talentos. Da mesma sorte, o que recebera dois, granjeou também outros dois. Mas o que recebera um, foi e cavou a terra e escondeu o dinheiro do seu senhor”. 

Algum tempo depois, o senhor daqueles servos retornou e pediu-lhes que lhe prestassem contas. Então, aproximou-se o que recebera cinco talentos e trouxe-lhe outros cinco talentos dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que consegui com eles. O mesmo fez o servo que recebera dois talentos e a cada um dos dois servos o senhor disse: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei.” 

Em seguida, entrou em cena, aterrorizado com o que via, o servo que recebera um talento e avisou “escondi na terra o teu talento: aqui tens o que é teu”. O dono do talento perdeu a paciência. Perdeu a linha e disse: “Mau e negligente servo… Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com juros”. E avisou aos demais: “Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos”. 

O que se pode dizer, com base na parábola, sobre a relação que há entre os contribuintes e os administradores públicos na nossa terra? Não caminhemos longe, não. Fiquemos mesmo na nossa terra, cidade e estado. Somente isso nos basta para entender a parábola. Quanto nos têm devolvido os administradores do dinheiro, patrimônio e recursos que lhes entregamos para administrar? Certamente, eles não nos têm devolvido sequer o valor absoluto.  E se alguma coisa andam a entregar aos bancos, usam mal ou em proveito próprio até os juros. Ou não é essa a leitura fácil e justa do que temos visto no caso da Cedae, dos hospitais públicos, da condição das ruas, das escolas, dos transportes públicos e de todo o resto do patrimônio e do dinheiro que entregamos aos agentes do Estado? 

O que se deve fazer diante desse caso? Que tal seguir o exemplo do senhor da parábola? “Tira-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos”. Como se faz isso? Nas urnas, minha gente. 

Teremos daqui a pouco, um pouco mais, o início das campanhas para escolher prefeitos e vereadores. Que tal mandar para casa ou nem tirar de casa onde hoje se encontram, aqueles que no presente ou no passado detonaram nosso patrimônio e dinheiro, a ponto de até matar pessoas, algumas crianças ainda? 

Tomara façamos isso, porque, se continuarmos a perdoar e dar nova chance aos perdulários, aos que debocham da vontade que temos de dar, nós mesmo, destino ao que é nosso, continuaremos a merecer os castigos que temos recebido.

E quando formos decidir, lembremos, que a esquerda adora Estados grandiosos, cheios de servos com poucos ou nenhum senhor. 

Por Jackson Vasconcelos

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

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Ouvir, antes de agir… Por favor!

A Cedae é a bola da vez. A Geni. Quem tem espaço para se pronunciar sobre qualquer tema, nos últimos dias escolheu a Cedae. Eu também já fiz isso, num podcast, quando critiquei a comunicação do governo. No jornal O Globo deste domingo, Gustavo Franco deu ao assunto o sugestivo título de “Verão Chernobyl” e abriu o texto com um mal presságio: “O Rio de Janeiro está sofrendo mais um desastre, que pode não ter, até o momento, a gravidade de Brumadinho ou Chernobyl, mas não há dúvida que a dinâmica é parecida.”

Retorno ao tema agora sobre outro aspecto, o da administração pública e peço licença para um exemplo tirado da vida pessoal. 

Ingressei no Banco do Brasil em 1985. Naquele tempo – não sei se a rotina permanece – quem assumia uma função de chefia, sentia-se obrigado a conversar com quem já estava no ambiente, para conhecer os problemas, o andamento dos projetos, as dificuldades e soluções já tentadas, porque, na empresa, quem chefiava não escolhia os chefiados. Eles eram selecionados num processo nacional de avaliação.

Então, sem diálogo com quem já estava no pedaço, um chefe não conseguiria trabalhar e, se tentasse, quebraria a cara.  

Uma situação como a ocorrida com a Cedae pega um governador desprevenido, porque a rotina do serviço público não é a que conheci no Banco do Brasil. Quem assume uma função pública inicia a nova vida com duas prioridades: quem será nomeado para os cargos subordinados e que mirabolâncias deve fazer para ser visto e admirado, tudo isso vinculado diretamente ao objetivo fundamental: manter o poder e disputar novas funções. 

Ora, o governador Wilson Witzel, inesperadamente, venceu a eleição para o Governo do Estado, que ele e todo mundo sabia ter vindo de administrações caóticas. Se tivesse, por um instante, parado para entender a importância e o peso da máquina que teria que governar, certamente, encontraria a Cedae, que fornece um bem essencial, fundamental, indispensável, à vida. Se Witzel e seus escolhidos tivessem sentado por algum tempo com a turma que estava lá na Cedae, certamente, teriam ouvido sobre os riscos da ocorrência que ele, meio assustado e um tanto apressado, tenta enfrentar agora, não para evitar prejuízos à população, mas para diminuí-los. 

Fala-se muito em reforma administrativa, uma das agendas mais velhas do País. No centro está sempre o servidor público, para uns, um folgação irresponsável, para outros, um elemento desprezado, que precisa ser valorizado. Quando no centro de qualquer reforma do Estado Brasileiro estiver colocado o contribuinte, aquele que paga a conta, certamente, as reformas darão melhor resultado. E, uma das coisas que precisa mudar, com urgência, é a cultura de quem busca exercer a função pública, por voto ou por nomeação. 

Quem chega precisa ouvir quem já estava no ambiente, antes de sair a espalhar demissões e encaixar apadrinhados e afilhados com base num projeto de poder que, com certeza, teria melhores resultados se a população fossem bem atendida. 

A verdadeira reforma que o Brasil precisa, eu não duvido, é a da cultura, do modo como se deve tomar decisões.  

Ouvir antes de agir é a melhor estratégia para sustentar um projeto político. Pode acreditar.

Por Jackson Vasconcelos

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.