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“Picadeiro de qualidade”

02.10.2023.

De novo? Novamente, o governo federal aparece com um programa para combater as organizações criminosas, o Enfoc, que prevê R$900 milhões em investimentos para atuação em cinco eixos principais: “integração institucional e informacional; eficiência dos órgãos policiais; portos, aeroportos, fronteiras e divisas; eficiência da Justiça Criminal e cooperação entre União, Estados, Municípios e órgãos estrangeiros.”  E há um tempo estabelecido para a apresentação das metas, investimentos e estratégias: 60 dias. Não pode ser algo sério. Por que não entregam o pacote completo? Porque pode ser que em 60 dias, a onda já tenha quebrado na praia e o governo dedique seu tempo a outros temas mais caros a ele, como acontece com a rotina de nomear e exonerar gente para a máquina pública. 

Tomei conhecimento do projeto ao ler ontem, domingo, o Estadão. O editor deu à notícia destaque na primeira página e pelo modo como construiu a manchete, ele também não acredita que o programa tenha algum resultado. Ele escreveu: “Pressionado, governo lança plano para tentar conter facções”. O “tentar” diz tudo sobre a esperança do editor no sucesso da proposta. O “pressionado”, mostra o modo como funciona um governo que não planeja. Ele não está sozinho. O histórico de programas e projetos que visam só tirar a União do tema não autoriza o crédito. 

O Ministro Super-Herói, Flávio, o Dino, para rebater as críticas que tem recebido afirmou que no pouco tempo em que está na equipe do Presidente Lula conseguiu reduzir as armas, desmontar o garimpo ilegal e tem dado apoio às vítimas de violência. Citou também a visita que fez a 21 estados para entregar equipamentos e liberar recursos para os governadores. Não dá para levar isso a sério! 

Bem que Deus avisou que a relação entre os agentes do Estado e a sociedade seria desse modo, mas ninguém quis ouvir. Disse Deus, quando respondeu ao desejo do povo de Israel de ter um rei: “Este será o costume do rei que houver de reinar sobre vós: (…). Ele tomará o melhor das vossas terras, e das vossas vinhas, e dos vossos olivais, e os dará aos seus servos. E as vossas sementes, e as vossas vinhas dizimará, para dar aos seus oficiais (…)”. Ao Estado tudo; à sociedade, a conta. 

Thomas Hobbes deu ao Estado a representação correta de um monstro marinho, o Leviatã,  que no livro de Jó está descrito com um alerta: “Eis que é vã a esperança de apanhá-lo; pois não será o homem derrubado só ao vê-lo? Ninguém é tão atrevido, que a despertá-lo se atreva…”(Jó 41: 9 e 10). Para Hobbes o Estado só tem uma finalidade, uma só: garantir a segurança de quem renunciou a muita coisa para poder dormir em paz. Quando o Estado não garante a Segurança Pública – diz Hobbes – ele rompe o contrato que tem com a sociedade que, então, fica liberada para não cumprir a parte que lhe cabe. Quem dera, pudéssemos agir assim. Por aqui, nem criticar se está mais autorizado. Confrontado, o agente do Estado responde: “Perdeu mané. Não amola!”. 

No Brasil, com relação à segurança vivemos no “Estado de Natureza”, definido por Hobbes, onde o desejo e a força são suficientes para a satisfação de todas as vontades dos indivíduos. Tempo vai, tempo vem, e ninguém na União move uma palha para, de verdade, melhorar a qualidade das polícias, das investigações e desarmar os criminosos. 

O lançamento do programa ENFOC será só mais um dia de espetáculo no picadeiro montado em Brasília, pois a União foge às léguas da obrigação que deveria ter. Flávio, o Dino, deixou claro: “O governo não concorda com teses absurdas que propõem a federalização da segurança pública em todo o país”. Para a União quase todos os crimes são estaduais. Federais são somente aqueles ainda não tipificados pela lei, chamados de atos golpistas e antidemocráticos. 

Flávio, o Dino, encerrou a entrevista na CNN Brasil com uma pérola: “Para melhor aquilatar o que isso significa, sugiro comparar com outros momentos do Ministério da Justiça, onde criminosos lá habitavam ou eram lá protegidos…”. Desnecessário comentar.  

A União abriga malabaristas, engolidores de fogo, palhaços e trapezistas. Por isso, defendo que “O Circo”, uma das belezas compostas por Nara Leão, seja o nosso Hino Nacional. Faz mais sentido, no momento, que o louvor à liberdade composto por Duque Estrada.  

Enfim, sigamos.  

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“ÁS Favas com os Escrúpulos”.

10.09.2023.

Às Favas! 

“Os ditadores não perguntam por quê. Perguntam, por que não?” Eu tenho essa frase anotada, sem o nome do autor. Ela traduz a relação dos agentes de um Estado com os cidadãos desse mesmo Estado. 

Por que não censurar? Por que não prender? Por que não soltar? Por que não anular o que foi feito? Por que não inquirir? Por que não julgar? Por que não cobrar mais impostos? Por que não favorecer? Por que não dispensar provas? Por que não, se estão à minha disposição os instrumentos do Estado e o braço forte dele, as polícias? Portanto, “Tudo posso, no Estado que me fortalece”. 

O apóstolo Paulo na carta aos Filipenses tranquilizou os fiéis sobre as dificuldades dele para obter o necessário para o próprio sustento. Paulo agradeceu aos fiéis pela preocupação e afirmou: “Tudo posso naquele que me fortalece”, disse ele referindo-se a Jesus Cristo. Substitua-se Cristo pelo Estado e Paulo pelos agentes públicos e é possível aproveitar para o mal, a frase feita para o bem. Afinal, estamos em tempos de ter, para tudo, um bem e um mal, como valores relativos: a depender de quem esteja ao lado do bem, em lado mau ele será transformado. 

Para que assim seja, é preciso que se mande a democracia às favas, como sugeriu o coronel Jarbas Passarinho ao usurpador Marechal Costa e Silva, no momento em que se decidiu a edição do AI-5. Passarinho depois foi Senador da República pelo Pará. Eis o discurso: 

“Quero me referir às vezes que ouvi de Vossa Excelência, Presidente, não só coletivamente como individualmente em despachos, palavras marcadas por absoluta sinceridade; quando V.Exa não estava sendo menos sincero do que agora, neste instante ou quando V.Exa., inclusive, aqui mesmo nesse palácio no dia do seu aniversário, chamou a atenção para o peso da ditadura sobre os ombros dos homens, mesmo que fosse um triunvirato ou fosse um colegiado(…). Eu seria menos cauteloso do que o próprio Ministro das Relações Exteriores, quando disse que não sabe se o que restará caracterizaria a nossa ordem jurídica como não sendo ditatorial. Eu admitiria que ela é ditatorial. Mas, às favas, neste momento, senhor presidente, com todos os escrúpulos de consciência, pois, tudo aquilo que, fundamental é em condições normais, passa a ser secundário em condições anormais”, e etc.  No entanto, os ilustres verdugos estavam com o poder de decidir o que era normal ou anormal, secundário ou principal. Sendo assim, por que não o AI-5? 

Na raiz estava o apelo do deputado federal, eleito pela Guanabara, Márcio Moreira Alves, para o boicote ao desfile do Dia da Independência. Os verdugos pediram autorização à Câmara dos Deputados para processar o parlamentar e isso lhes foi negado. Então, por que não fechar o Congresso, cassar mandatos, torturar, matar, esfolar, prender?

O DIA DA INDEPENDÊNCIA NEM SEMPRE TEM SIDO CALMO.  Há dois anos, em 2021, os palanques balançaram, o Presidente da República desafiou o Presidente do Supremo Tribunal Federal, um ex-presidente apartou a briga. 

Mas, em tudo existe sempre um lado ruim e um lado bom e nós brasileiros temos a magnífica arte de fazer da tragédia alguma comédia. No dia 18 de maio de 2007 – 39 anos após o discurso do Senador Jarbas Passarinho – os geniais Bibi Ferreira, Juca de Oliveira e Jô Soares, colocaram um outro senador no palco do Teatro Raul Cortez, em São Paulo, com a peça, “Às favas com os escrúpulos”.  É a história de uma professora apaixonada pelo marido, um senador, com quem está casada há mais de 50 anos e descobre que é traída há muito tempo por ele. Bibi fez o papel da esposa e traduziu a personagem numa frase: “O meu papel é o do povo, sob todos os pontos de vista, emocionais e políticos. Sou traída em todos os sentidos”. 

Não quero encerrar sem indicar a quem me lê a magnífica entrevista que Bibi Ferreira deu ao Jô Soares sobre a peça. Está no Youtube: Atriz Bibi Ferreira volta aos palcos. É para aplaudir de pé! 

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O DINHEIRO (1 TIMÓTEO 6:10). 

“Mas é preciso viver. E viver não é brincadeira não. Quando o jeito é se virar, cada um trata de si. Irmão desconhece irmão“. (Pecado Capital – Paulinho da Viola) 

Tudo é motivo para fazer pesquisas e a imprensa anda ávida por notícias, Então, some-se isso e tem-se a matéria publicada pelo Estadão na edição de quinta-feira, 17 de agosto, no nobre espaço da primeira página, com a seguinte manchete: “País ganha, em média, 17 novos templos evangélicos por dia: entre 2015 e 2019, número passou de 20 mil para 109 mil”. Um gráfico colorido expõe os dados. O trabalho está assinado por um cientista político e não por um jornalista, Victor Araújo, um detalhe que dá à matéria o significado correto.  

O pesquisador aponta causas para o crescimento do número de igrejas pentecostais. Diz que o fato tem relação com o esvaziamento das igrejas católicas e com o surgimento de uma nova lei em 2003, a lei 10.825. Promulgada por Luiz Inácio Lula da Silva e por Márcio Thomaz Bastos, a lei equipara igrejas e partidos políticos. Outro detalhe presente de aproximação das seitas com a política.  

No entanto, entre as causas apontadas pelo cientista político falta a principal: as igrejas pentecostais são um ótimo negócio, sem chegarem a ser um “negócio da China”, pois por lá só valem os que não tornem as pessoas crédulas em outros deuses a não ser no comunismo, que anda em alta por aqui. Até o Presidente da República já se sente confortável com a alcunha. 

As igrejas pentecostais são pontos de arrecadação de dinheiro e não pagam impostos. Quase tudo que pagam fazem em dinheiro e ninguém cobra dos pastores e bispos, que prestem contas. Sim, pois nas igrejas pentecostais há bispos, um passo a mais na escala hierárquica, pois pastor é cuidador de ovelhas. Quem sabe, os bispos não sejam os que cuidam dos bodes? 

Está aí o motivo do enriquecimento rápido de alguns pastores e bispos. Os exemplos estão postos. Os fiéis suplicam a Deus por milagres, que os pastores e bispos dizem realizar e quando o feito não se completa o problema está na vida em pecado de quem clama. Coisa fácil de fazer. O dinheiro entregue aos líderes religiosos não vai pro céu, pois não tem como ir. Sobre isso, há uma velha piada contada também entre os pastores e bispos. Dizem que ao final de um culto, o dinheiro arrecadado é jogado para o alto e aquele que Deus pegar, será Dele. O que cair no chão terá outro destino, que poderá ser um avião particular, um iate, uma coleção de gravatas importadas ou banquetes regados a orações. 

É interessante perceber que o número de igrejas pentecostais também chamadas de evangélicas cresce como vinha crescendo o número de partidos políticos e não por coincidência o dinheiro está na fonte. O Fundo Partidário realizou o milagre da multiplicação. Hoje, há mais de 30 partidos com registro definitivo no TSE e a fila de pedidos cresce quase todo dia. O TSE negou vários, mas outros tantos ainda correm por lá. 

Contudo, como o dinheiro a ser dividido entre os partidos é o mesmo, os donos dos partidos ativos iniciaram o caminho para inibir a criação de novos sócios para o dinheiro público. Finalmente, entrou em vigor a esperada cláusula de barreira, pois uma vez que o “divisor” é o mesmo, que se mantenha ou se reduza o “dividendo”, para que a parte recebida por cada um não seja menor. 

Há, no entanto, uma diferença entre partidos e igrejas evangélicas pentecostais, quando a gente olha o crescimento no número de adeptos. Quase ninguém tem interesse na filiação aos partidos, pois o único milagre que eles operam é a eleição de alguns dos seus para bons empregos. Já as igrejas – ah! – nelas não faltam milagres. Existem para todos os gostos, desde a conquista de um bom emprego, a cura de uma doença, a compra de um carro novo, o dinheiro do aluguel do apartamento, que andava faltando e até um casamento bem arrumado e o aparecimento de um filho que não tinha jeito de nascer antes das orações.   

Quando o assunto é a conquista de membros ou filiados, os partidos sofrem como Martinho da Vila, que canta: “Dinheiro, pra quê dinheiro, se ela não me dá bola?” (Martinho da Vila). Já os pastores e bispos, esses que enriquecem rápido, ficam com Rita Lee: “Grana, Bufunfa, Dindin. O resto tá bacana pra mim”. 

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O líder derreteu?

Para quem esteve nas ruas no Dia da Independência pode ser indiferente se a decisão de recuo do Presidente da República foi rendição ou acordo. As reações que li e ouvi mostram que Jair Bolsonaro frustrou as expectativas que ele mesmo criou e alimentou durante todo o período – da convocação do povo às ruas até o discurso estridente que fez em São Paulo. 

Mas, se a imagem do líder derreteu, o que ela representa permanece sólido e é nisso que devem trabalhar os arquitetos das campanhas para as eleições do próximo ano. 

Eu não estou sozinho na defesa da tese. Conto com algumas vozes autorizadas e entre elas, a da autora de “Menos Marx, Mais Mises – O liberalismo e a nova direita no Brasil”, Camila Rocha, uma jovem que representa o pensamento da esquerda, mas que hoje conhece todo o histórico dos liberais no Brasil, chamados por ela e por outros formuladores de “Nova Direita”. 

Lucas Berlanza, eu, Cibele Bastos, a quem Camila dedicou o livro, e a própria Camila, tivemos uma boa conversa na quinta-feira a convite do Boletim da Liberdade e dessa conversa, disponível na rede do Boletim, a Coluna Panorama deu notícia ao mundo, com a chamada: “Nova Direita não depende de Jair Bolsonaro, avalia pesquisadora”. 

A constatação mostra o amadurecimento político dos defensores da “Nova Direita” no Brasil, por não estarem à mercê de um líder, mas conscientes da necessidade de o país viver, para felicidade geral, uma experiência com governos liberais. 

Agora, quem será o candidato à presidência escolhido pela corrente não se sabe ainda. Alguns conservadores alimentaram a chance de o escudo e a espada permanecerem com Jair Bolsonaro, mesmo depois da gafe. Outros fogem dele. 

Caso a imagem de Jair Bolsonaro como líder conservador e representante da “Nova Direita” sobreviva ou não, os liberais precisam estar reposicionados na campanha para a Presidência da República e composição do Congresso Nacional. 

É-nos insuficiente a pauta conservadora ou de execução de privatizações. É preciso inserir na proposta o fim do patrimonialismo, este sim, o grande problema da política  brasileira. 

Contudo, ao inserir a proposta, Jair Bolsonaro e alguns que se apresentam pela direita do espectro político, terão dificuldades imensas para convencer. 

Raymundo Faoro, Weberiano, não deixou dúvida alguma sobre a imensa dificuldade que o Brasil terá para se livrar do vírus que deforma o Estado Brasileiro a ponto de mutilar a sociedade que o sustenta. Afinal, esse costume de dizer-se dono do Estado só pelo fato de se ocupar funções nele, vem desde o Brasil Colônia e permanece instalado no Brasil República. 

Enquanto o patrimonialismo for uma prática política considerada com naturalidade, os liberais serão apenas construtores de discursos, com o risco de apostarem em candidatos que em pouco tempo decepcionem.  E os representantes da esquerda, mesmo da “Nova Esquerda”, terão dificuldades imensas para defender o Estado, sua musa libertadora 

Camila Rocha mostrou as dificuldades dos liberais em várias partes do livro, quando cita as expectativas positivas deles com o Presidente Fernando Henrique Cardoso e as diversas tentativas de influência positiva que fez o liberal Paulo Rabello de Castro ao apresentar planos para os candidatos à Presidência. 

A minha esperança de viver dias melhores permanece, quando vejo jovens que não precisam envelhecer para entender o quanto o Estado é ruim para o povo brasileiro nas mãos dos “Donos do Poder”. 

Antes de encerrar, quero registrar um fato relevante para quem traça estratégias: a oposição ao Bolsonaro não está preparada para ele, que quando chuta a bola para fora, alguém vai lá e puxa a trave na direção da bola. Ele esteve no auge no dia 7 de setembro, pareceu dissolver no dia seguinte e, como a oposição manteve a mobilização do dia 12, ele reviveu, porque foi-lhe dado de presente as imagens de comparação. No dia 7, o povo nas ruas. No dia 12, quase ninguém. 

Boa semana para todos.

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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O voto

O político Guilherme Boulos está nas “Amarelas da VEJA”. Segue a toada daquilo que chamam de esquerda, mas é patrimonialismo escancarado, representado pela apropriação do Estado por seus agentes políticos ou não. 

Eu leio e ouço as entrevistas e discursos dessa turma com uma enorme interrogação: por que governando o Brasil desde 1930, os patrimonialistas têm a coragem de criticar e jogar no colo dos outros, o desastre provocado por eles mesmos? 

Na mesma revista e edição está Fernando Schüler, professor do Insper, com “A República do Privilégio”. Ele compara as estruturas administrativas à disposição dos parlamentares da Suécia e do Brasil e, no caminho de encerrar, depois de críticas contundentes ao modelo brasileiro, ele diz: “O ponto é a aceitação tácita do sistema de privilégio, do modelo patrimonial, e a timidez de nosso espírito de reforma…”.

Nenhuma vírgula do texto é novidade, sequer a frase de encerramento retirada de um livro ainda não publicado pelo economista e, igualmente, sujeito bom de escrita, Gustavo Franco: “O problema é verificar que a apatia simplesmente não funciona”.   

Ora bolas, o Estado Brasileiro é como é, porque os nacionais parecem não se incomodar com isso. Ou, quem sabe, a favor dos brasileiros, não seja bem assim. Mas, na verdade, na verdade, se tenha um sistema político por aqui que desqualifica a democracia e a empobrece. 

O pensador italiano Norberto Bobbio, falecido em 2004, tinha autoridade intelectual para criar conceitos e ele definiu a democracia como um método para tomar decisões coletivas, onde duas regras são fundamentais: todos participam da decisão direta ou indiretamente e ela é tomada pela maioria, após uma discussão livre da qual todos participam. 

Então, se considerarmos Bobbio, o exercício do voto não é elemento suficiente para definir uma democracia. No Brasil falta uma das regras básicas, qual seja, a discussão livre da qual todos participam. As campanhas eleitorais deveriam ser o ambiente de liberdade que ofereceria aos eleitores as mais qualificadas informações para decidir. Não é assim, porque  o desejo de permanência eterna no poder dos que lá chegam tem prejudicado as campanhas, para torná-las garantias de continuidade. Esse tem sido o papel a que se presta a legislação eleitoral. 

É possível vencer essa barreira? Sim, é. A tecnologia nos deu o caminho, quando ampliou e amplificou os canais de comunicação direta entre os eleitores, candidatos e partidos. Juntem-se isso ao fato de as leis serem feitas pelos eleitos e teremos a fórmula para tornar o Brasil um país onde o Estado seja servidor de todos e não empregado de uns e verdugo dos demais. 

Contudo, para decidir bem, o eleitor precisa ter informações melhores. E o modo de esclarecê-lo melhor não será a boa fotografia da paisagem onde está o candidato, ou dos animais de estimação dele, ou ainda do prato que escolheu para o almoço ou jantar; a roupa que veste, a palhaçada que faz e a piada que conta. Será preciso tratar a política com a linguagem da política. 

Os patrimonialistas viventes no poder, pelo menos, desde 1930, estão aí postos. Bem colocados num universo de muita conversa fiada. Para eles, a comunicação política como está é bem conveniente. Quem deseje tirar do poder os patrimonialistas chamados de esquerdas terá o trabalho de fazer uma comunicação melhor. E só os liberais definem o Estado do modo como ele realmente é por aqui e tem, por isso, capacidade e potencial para vencer os patrimonialistas.   

No próximo ano, o povo brasileiro votará para decidir o que fará com a presidência da república, escolherá os 513 deputados federais, os 27 senadores os entre 81 membros da Casa, os 27 governadores e 1.059 deputados estaduais. Os escolherá entre os candidatos que cada um dos mais de 30 partidos apresentará. 

A lei eleitoral autoriza que cada partido indique candidatos para uma vez e meia o número de cadeiras na Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas, inclusive no Distrito Federal. Façam vocês a conta de quantos candidatos estarão em campanha no próximo ano. Para vencer essa parada – uma parada duríssima – a primeira providência dos liberais deveria ser consertar a comunicação. O caminho bom é entender que a disputa não será contra a esquerda, no conceito que ela tem no resto do mundo, mas contra os patrimonialistas, definidos por aqui como a turma que, desde 1930, está aboletada no poder. 

Se você é um liberal, pare, pense e mova-se. Ainda é tempo. 

Boa semana para todos.

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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Cautela e caldo de galinha, boa receita

Para qualquer assunto, Machado de Assis tem boas lições, já que da alma e dos costumes humanos conhecia como poucos. De política, eleição e conselhos de estratégia, ele deixou muita coisa.  

Como o meu tema é, foi e será sempre a política, eleições e estratégia, busquei num dos livros de Machado o assunto para hoje. Quincas Borba! Sobre o personagem, disse Machado: “É aquele mesmo náufrago da existência, que ali (Memórias Póstumas de Brás Cubas) aparece, mendigo, herdeiro inopinado, e inventor de uma filosofia”. 

Quincas enamorou-se de uma viúva, senhora de condição mediana e parcos meios de vida… chamava-se Maria da Piedade. Quincas Borba apaixonou-se também de um cão, a quem deu o próprio nome. 

Rubião, irmão de Maria da Piedade, está na obra, é o centro dela. Ele fez todo o possível para casar Piedade com Quincas Borba. Não conseguiu, porque Piedade resistiu e depois, porque “um pleuris a levou”. Mas, isso não impediu Rubião de ser o herdeiro da grande fortuna do patrão, que poderia ter tido por cunhado. 

No capítulo cem da obra, falecido o filósofo Quincas Borba, Rubião recebe um convite para ser candidato a deputado. Dr. Camacho, já na política, faz a honra e entre todas as razões de homenagem, cita a necessidade de se evitar que a divisão de votos entre dois candidatos do mesmo lado levem a campanha para a derrota. 

Acontece um diálogo e, “Rubião, comovido, fez ainda outras perguntas acerca da luta e da vitória, se eram precisas despesas já, ou carta de recomendação e pedido, e como é que se havia de ter notícia frequente do enfermo, etc. Camacho respondia a tudo; mas recomendava-lhe cautela. Em política, disse ele, uma coisa de nada desvia o curso da campanha e dá a vitória ao adversário”. 

De outra coisa não tratei na Estratégia 29 do livro “Que raios de eleição é essa?”: Antes de se lançar numa campanha, resolva suas fragilidades.

A cautela sugerida pelo Dr. Camacho ao Rubião tem nome certo: estratégia. Ela é a ferramenta que dá ao candidato a possibilidade de conhecer bem os próprios atributos, tanto os positivos como os negativos. E também os melhores e piores recursos pessoais dos adversários. Uma cautela essencial para saber como se pode vencer.

Conhecer-se bem é fundamental, mas saber quem é o adversário, personalidade, história, fragilidades, capacidade de reagir e de agir dele, essencial. 

Davi era um pastor de ovelhas de pequena estatura física e decidiu enfrentar um gigante, Golias, para livrar o povo hebreu de ser escravo dos filisteus. Saul era o rei e preparou Davi para a luta, colocando sobre a cabeça dele um capacete de bronze e no corpo, uma couraça. Davi começou a andar e sentiu que com toda aquela parafernália, a mesma que usava o adversário dele, não conseguiria vencer. Davi não estava acostumado a andar com o paramento militar. Nunca vestiu-se para a guerra. Então, tirou tudo aquilo do corpo, armou-se com o cajado de pastor de ovelhas e com a funda que usava para vencer os lobos… 

O resto da história todo mundo conhece, aplaude e usa como exemplo da vitória do mais fraco sobre o mais forte. Mas, não foi só pelo conhecimento da própria fragilidade física que Davi venceu. Foi também pela decisão de derrubar o gigante antes que ele chegasse perto. O corpo a corpo seria uma vantagem fatal para o gigante. A estratégia fez Davi vencer a luta, resultado que ele, com lealdade, creditou a Deus. 

Na minha adolescência, pratiquei judô. Fábio, meu professor, ensinava na primeira aula: “A maneira mais fácil para se derrubar um adversário é usando o impulso e o peso dele. Só assim, um japonês franzino leva ao chão um gigante de quimono”. 

A ausência de cautela e escolha da estratégia correta transforma, com rapidez, uma oportunidade de sucesso numa ameaça. De outro modo, não consigo ver as dificuldades que tem hoje o presidente Jair Bolsonaro de lidar com o Congresso Nacional quando, quase com exclusividade na história do presidencialismo esquisito adotado pelo Brasil, conseguiu eleger-se presidente da república levando com ele uma expressiva bancada de deputados federais e senadores. 

Mas, o que fez o presidente dessa oportunidade? Implodiu o partido que deu a ele o diferencial e empurrou para a oposição gente que dançaria, por ele, qualquer música. A oportunidade se tem feito ameaça. Uma estratégia com sinal invertido. 

O presidente da República, definitivamente, não é um político cauteloso. Não atenderia ao requisito solicitado pelo magistral Machado de Assis, na pele do Dr. Camacho. 

Desejo que todos e todas tenham tido um bom domingo de Páscoa. 

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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Ao fogo eterno!

Sofistica-se demais o conceito de administração pública e essa sofisticação produz obras, seminários, teses, dissertações, cursos de pós-graduação, MBA e outras causas nobres. 

O conceito de administração pública é simples, complexa, talvez a aplicação e isso, quem sabe, explique toda a parafernália de escritos e ensinamentos. 

A definição de administrador público é de um gerente que cuida dos recursos, patrimônios e dinheiro dos outros. Simples assim. Por honestidade e fidelidade deve aplicá-los onde o dono determina, onde ele deseja, caso contrário, com justiça, o administrador será considerado desonesto ou, no mínimo, um “mordomo infiel”, aquele citado por Jesus Cristo no livro de Mateus, 25, situação de boa lembrança, porque andamos a viver em um  tempo em que os administradores públicos e políticos gabam-se de serem cristãos, especialmente, “terrivelmente” evangélicos. Falam com Deus e em nome dele operam, mesmo que ele, Deus, provavelmente, não os tenha autorizado. 

Em Mateus 25, Jesus Cristo faz referência a um homem que, partindo para o exterior, chamou seus três servos e entregou-lhes os seus bens, a cada um segundo a sua capacidade de trabalho. A um, deu cinco talentos, a outro, dois e ao último, um. Diz o texto: “E tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles, e granjeou outros cinco talentos. Da mesma sorte, o que recebera dois, granjeou também outros dois. Mas o que recebera um, foi e cavou a terra e escondeu o dinheiro do seu senhor”. 

Algum tempo depois, o senhor daqueles servos retornou e pediu-lhes que lhe prestassem contas. Então, aproximou-se o que recebera cinco talentos e trouxe-lhe outros cinco talentos dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que consegui com eles. O mesmo fez o servo que recebera dois talentos e a cada um dos dois servos o senhor disse: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei.” 

Em seguida, entrou em cena, aterrorizado com o que via, o servo que recebera um talento e avisou “escondi na terra o teu talento: aqui tens o que é teu”. O dono do talento perdeu a paciência. Perdeu a linha e disse: “Mau e negligente servo… Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com juros”. E avisou aos demais: “Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos”. 

O que se pode dizer, com base na parábola, sobre a relação que há entre os contribuintes e os administradores públicos na nossa terra? Não caminhemos longe, não. Fiquemos mesmo na nossa terra, cidade e estado. Somente isso nos basta para entender a parábola. Quanto nos têm devolvido os administradores do dinheiro, patrimônio e recursos que lhes entregamos para administrar? Certamente, eles não nos têm devolvido sequer o valor absoluto.  E se alguma coisa andam a entregar aos bancos, usam mal ou em proveito próprio até os juros. Ou não é essa a leitura fácil e justa do que temos visto no caso da Cedae, dos hospitais públicos, da condição das ruas, das escolas, dos transportes públicos e de todo o resto do patrimônio e do dinheiro que entregamos aos agentes do Estado? 

O que se deve fazer diante desse caso? Que tal seguir o exemplo do senhor da parábola? “Tira-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos”. Como se faz isso? Nas urnas, minha gente. 

Teremos daqui a pouco, um pouco mais, o início das campanhas para escolher prefeitos e vereadores. Que tal mandar para casa ou nem tirar de casa onde hoje se encontram, aqueles que no presente ou no passado detonaram nosso patrimônio e dinheiro, a ponto de até matar pessoas, algumas crianças ainda? 

Tomara façamos isso, porque, se continuarmos a perdoar e dar nova chance aos perdulários, aos que debocham da vontade que temos de dar, nós mesmo, destino ao que é nosso, continuaremos a merecer os castigos que temos recebido.

E quando formos decidir, lembremos, que a esquerda adora Estados grandiosos, cheios de servos com poucos ou nenhum senhor. 

Por Jackson Vasconcelos

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

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Ouvir, antes de agir… Por favor!

A Cedae é a bola da vez. A Geni. Quem tem espaço para se pronunciar sobre qualquer tema, nos últimos dias escolheu a Cedae. Eu também já fiz isso, num podcast, quando critiquei a comunicação do governo. No jornal O Globo deste domingo, Gustavo Franco deu ao assunto o sugestivo título de “Verão Chernobyl” e abriu o texto com um mal presságio: “O Rio de Janeiro está sofrendo mais um desastre, que pode não ter, até o momento, a gravidade de Brumadinho ou Chernobyl, mas não há dúvida que a dinâmica é parecida.”

Retorno ao tema agora sobre outro aspecto, o da administração pública e peço licença para um exemplo tirado da vida pessoal. 

Ingressei no Banco do Brasil em 1985. Naquele tempo – não sei se a rotina permanece – quem assumia uma função de chefia, sentia-se obrigado a conversar com quem já estava no ambiente, para conhecer os problemas, o andamento dos projetos, as dificuldades e soluções já tentadas, porque, na empresa, quem chefiava não escolhia os chefiados. Eles eram selecionados num processo nacional de avaliação.

Então, sem diálogo com quem já estava no pedaço, um chefe não conseguiria trabalhar e, se tentasse, quebraria a cara.  

Uma situação como a ocorrida com a Cedae pega um governador desprevenido, porque a rotina do serviço público não é a que conheci no Banco do Brasil. Quem assume uma função pública inicia a nova vida com duas prioridades: quem será nomeado para os cargos subordinados e que mirabolâncias deve fazer para ser visto e admirado, tudo isso vinculado diretamente ao objetivo fundamental: manter o poder e disputar novas funções. 

Ora, o governador Wilson Witzel, inesperadamente, venceu a eleição para o Governo do Estado, que ele e todo mundo sabia ter vindo de administrações caóticas. Se tivesse, por um instante, parado para entender a importância e o peso da máquina que teria que governar, certamente, encontraria a Cedae, que fornece um bem essencial, fundamental, indispensável, à vida. Se Witzel e seus escolhidos tivessem sentado por algum tempo com a turma que estava lá na Cedae, certamente, teriam ouvido sobre os riscos da ocorrência que ele, meio assustado e um tanto apressado, tenta enfrentar agora, não para evitar prejuízos à população, mas para diminuí-los. 

Fala-se muito em reforma administrativa, uma das agendas mais velhas do País. No centro está sempre o servidor público, para uns, um folgação irresponsável, para outros, um elemento desprezado, que precisa ser valorizado. Quando no centro de qualquer reforma do Estado Brasileiro estiver colocado o contribuinte, aquele que paga a conta, certamente, as reformas darão melhor resultado. E, uma das coisas que precisa mudar, com urgência, é a cultura de quem busca exercer a função pública, por voto ou por nomeação. 

Quem chega precisa ouvir quem já estava no ambiente, antes de sair a espalhar demissões e encaixar apadrinhados e afilhados com base num projeto de poder que, com certeza, teria melhores resultados se a população fossem bem atendida. 

A verdadeira reforma que o Brasil precisa, eu não duvido, é a da cultura, do modo como se deve tomar decisões.  

Ouvir antes de agir é a melhor estratégia para sustentar um projeto político. Pode acreditar.

Por Jackson Vasconcelos

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

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Vale a pena financiar a Cultura?

Os gastos do governo com a Cultura são uma ameaça ou oportunidade? Sem Goebbels, Roberto Alvim permaneceria no governo, apesar de todo o resto do tempo dele “à serviço da pátria” ter sido, para nós contribuintes, um amontoado de bobagens sem sentido. Algo bem dispendioso. A demissão dele chega a ser, portanto, um serviço prestado pelo monstruoso canalha genocida Joseph Goebbels. E a colaboração pode ser maior.  

Seria bom dar ao caso Alvim outro destino, que não só o da informação sobre quem foi Goebbels ou de ser um motivo para acusar o ex-secretário de nazista como andam a fazer milhares. Até, porque, se sabe que ele não é. 

Bom seria aproveitar o fato para pensar um pouco sobre a causa de se ter uma estrutura no Estado Brasileiro, custeada pelos contribuintes, só para cuidar da Cultura.  

No Governo Federal, existe uma Secretaria Especial vinculada ao Ministério da Cidadania e já existiram  Ministérios próprios. Nos estados há secretarias estaduais e nas cidades, de qualquer tamanho, congêneres municipais. Essas estruturas são chefiadas, normalmente, por artistas, intelectuais, ilustres acadêmicos e por qualquer um ou qualquer uma que tenha votos ou represente decisões de conveniência nos plenários dos respectivos parlamentos. O que faz e tem feito essa gente? Para que serve? Está aí uma pergunta de dificílima e complicada resposta. Eu diria até constrangedora, quando se vai para a prática. 

O escritor Mário Vargas Llosa responde em “A Civilização do Espetáculo”, obra já citada por mim em outra oportunidade. No capítulo “Cultura, política e poder”, ele aponta duas direções: “Cultura não depende de política, em todo caso não deveria depender, embora isso seja inevitável nas ditaduras, principalmente as ideológicas ou religiosas, aquelas em que o regime se sente autorizado a ditar normas e estabelecer cânones dentro dos quais a vida cultural deve desenvolver-se, sob a vigilância do Estado empenhado em não permitir que ela se afaste da ortodoxia que serve de sustentáculo aos governantes” (Aqui se encaixa o discurso do Alvim). 

“O resultado desse controle, como sabemos”, diz Vargas Llosa, “é a progressiva transformação da cultura em propaganda, ou seja, em sua degeneração por falta de originalidade, espontaneidade, espírito crítico e vontade de renovação e experimentação formal”.

Após dizer o que o Estado, numa democracia não deve ser com relação à Cultura, Vargas Llosa diz o papel que ele pode ter: “O Estado, sem reduzir a liberdade de criação e crítica, deve apoiar e propiciar atividades culturais – na preservação e promoção do patrimônio cultural, acima de tudo – como também porque a cultura deve exercer influência sobre a vida política, submetendo-a a uma contínua avaliação crítica e inculcando-lhe valores e formas que a impeçam de degradar-se…”.

A excitação que o caso Roberto Alvim provocou é a chance de se repensar os gastos que se tem com as estruturas de apoio à Cultura. Afinal, administrar as finanças de um Estado não pode e não deve ser só um ato de cuidar das receitas e despesas, mas também, e principalmente, de tornar eficazes os gastos e justificar o peso deles. O ato de gastar o dinheiro do contribuinte não pode ser uma ameaça ao dono do dinheiro, mas uma oportunidade fantástica de crescimento dele no seio de  uma sociedade sadia. A isso se chama estratégia.

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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Podcast 5: Bebo ou não bebo?

“Os consumidores de água da Cedae enlouquecem, enquanto os vendedores de água mineral enriquecem. E eu preciso saber: posso ou não posso, devo ou não devo beber a água que a Cedae me fornece?”

Escute o podcast da semana de Jackson Vasconcelos. Disponível também no Spotify no canal “Aqui Tudo É Política”.