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Fundo Partidário, a cachoeira

 

O Fundo Partidário acaba de receber uma injeção de dinheiro novo. Isso, certamente, aborreceu muita gente e é notícia de destaque em toda a imprensa. Poucos dias antes, foi preso mais um tesoureiro do PT. Isso agradou muita gente e também virou notícia importante.

Tesoureiros presos e fundo partidário abarrotado têm algo em comum? Dizem que têm. O preço das campanhas. Então, alguns esperam que ao aumentar o volume de dinheiro no Fundo Partidário diminuam as causas para prender tesoureiros.

Mas, houve algo diferente, não muito distante dos tempos atuais. Fui tesoureiro do PFL no Estado do Rio em 1986 e novamente, nos anos de 1996 a 1998, tempos de vacas magras em regime de engorda.

Em 1986, convocado pelo Presidente Regional do PFL no Estado do Rio de Janeiro, Rubem Medina, meu amigo, que acabara de assumir a função, cheguei à sede do partido com a missão de organizar a casa. Ele me disse: “há por lá uns probleminhas que você resolverá rápido”. Para um cargo voluntário sem remuneração e eu, com outras ocupações, não se poderia exigir muito.

Contudo, quando cheguei à sede do partido, no Centro do Rio de Janeiro, a conversa foi outra. Encontrei em cima da mesa uma ameaça de despejo, por falta de pagamento dos aluguéis e uma montanha de comunicações a mostrar que a paciência do inquilino terminara no terceiro mês de atraso. Os funcionários não recebiam há dois. Três se contado o 13º, vencido há seis meses. Uma lista de títulos protestados indicava que nenhum fornecedor, a não ser o do cafezinho e o das cadeiras para o auditório, cansaram de esperar pela solução de seus créditos.

Um dos deputados federais do partido era o tesoureiro. Mas, ele deixou com a secretária um recado expresso: “não adianta me ligar…”.

A negociação dos aluguéis atrasados foi a tarefa mais fácil. O proprietário propôs um acordo simples: “mudem, me entreguem as chaves e sumam. A política é mesmo uma merda”.

Na primeira reunião da Executiva Regional, já na nova sede tomada por empréstimo de alguém do partido, propus que cada um dos eleitos, senador (havia um), deputados federais, deputados estaduais, vereadores e prefeitos autorizasse o Banco do Brasil a transferir mensalmente de suas contas de salário uma quantia para sustentar a estrutura. O pau quebrou! Aconteceu uma discussão dura e por pouco, pouco mesmo, o encontro não resvalou para a violência física. No meio do bate-boca, alguém gritou: “desse jeito, eu vou para o PTB, porque lá não tem essa de rachar as despesas”.

Aprovamos a medida, mas, imediatamente, a turma passou a procurar um empresário rico, que quisesse, em troca do talão de cheques, o prestígio de ser presidente ou, no melhor dos mundos, tesoureiro. Valia tudo para convencer o cara, até iludi-lo com a promessa de ser candidato a governador ou a senador.

Para evitar todo esse trabalho e gastar menos o verbo, o Congresso Nacional votou em 1995, uma medida prática: inseriu o Fundo Partidário no Orçamento da União e transferiu a conta para o contribuinte. Hoje essa conta está ao preço de quase um bilhão de reais por ano: um Maracanã novinho em folha todo ano.

 Por Jackson Vasconcelos

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É o Demônio ou é o Democratas?

Falemos um pouco de política e de história, para esquecer, por algum tempo que seja, os esportes, o futebol.

Era quinta-feira, 26 de março. Entrei no elevador do prédio onde tenho a minha empresa e encontrei o Senador Agripino Maia, Presidente Nacional do Democratas. Ele, muito educado, trocou dois dedos de prosa comigo, suficientes para carregarem a notícia: o Democratas e o PTB serão um. Pensei: “que coisa estúpida!”.

A reunião Democratas e PTB impregnará a marca da primeira com os vícios da segunda, que tem a sua imagem acorrentada pra sempre com o advogado e político Roberto Jefferson e, por consequência natural, com o Mensalão.

O Democratas já é uma invenção maldita do marketing. Ele foi, até 2007, Partido da Frente Liberal – PFL, este sim, um partido com a imagem de agente pragmático do resgate do Brasil das mãos dos generais. O PFL esteve bem o suficiente para influir e decidir a eleição e reeleição do Presidente Fernando Henrique Cardoso, contraponto do Lula e do PT, que andam em desgraça.

Mas, como se fez para transformar o PFL em Democratas? O publicitário e cientista político Antônio Lavareda explica, no livro “Emoções Ocultas e Estratégias Eleitorais”, escrito por ele como receita para vencer eleições: “(…) Avançando no processo de sua “refundação, iniciado três anos antes, o Partido da Frente Liberal (PFL) – criado na conjuntura de transição ao governo civil por uma dissidência do Partido Democrático Social (PDS) –, que sucedeu à Aliança Renovadora Nacional (ARENA), mudou seu nome para Democratas, denominação escolhida com base em pesquisas que fui convidado a coordenar. Mais importante, a mudança foi acompanhada pela renovação da sua direção, entregue a uma nova geração de líderes que não eram sequer nascidos à época do golpe militar de 1964”.

Do que ele diz, só se salva a menção à pesquisa, porque no mais, a informação torce a verdade em favor do discurso. Primeiro, a ARENA se fez PDS, mas o PDS não se fez todo PFL. A parte ruim, podre, comandada pelo político Paulo Maluf, ficou. O PFL foi a redenção dos que vieram da ARENA e não quiseram seguir com os militares e com o senhor Paulo Maluf. Outra inverdade é a entrega a “uma nova geração de líderes…”. Assumiram o comando do Democratas os filhos dos políticos de muito tempo, líderes do PFL que, em 1964, já estavam na ativa, mas, em polos políticos opostos.

Por fim, houve o trabalho imenso que tiveram para evitar que o apelido “DEMO” substituísse a sigla DEM, na referência ao partido.

Pena. Hoje, se ainda por aí, com a estrutura e proposta que tinha quando mudou de nome, o PFL ocuparia melhor o papel de liderança da oposição. E, se de fato há necessidade de fusão, faria mais sentido com o PSDB.

Por Jackson Vasconcelos

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Análise: Entrevista de Vaccarezza para a CBN

“Áudio da PF tem requintes de perversidade”, da CBN. No mar de exemplos que há por aí das consequências da ausência na vida de um político, de profissionais que saibam como lidar com crises de imagens e orientar a relação com a imprensa.

Cândido Vaccarezza veio bem na sua carreira política até a eleição passada. Perdeu, mesmo tendo sido durante o seu mandato, um político com forte exposição na mídia por ter exercido o papel de líder do governo na Câmara dos Deputados.

Vaccarezza é o personagem de hoje e o cenário é a CBN. Ele foi entrevistado pelo Milton Jung. A gente analisa:

A decisão de dar a entrevista já foi um erro, porque, por mais que fizesse, o ex-deputado Cândido Vaccarezza não conseguiria mudar o rumo da prosa. Isso ficou claro. Depois, ele abre a conversa com um ato de bajulação: “Milton, quero dizer que te respeito como jornalista, por isso aceitei conversar com você”. Isso é péssimo, porque dá ao entrevistador a percepção de fragilidade e ideia de culpa.

Em seguida ele se enrola com as palavras. A cereja do bolo ficou representada pelo diálogo a seguir, considerada a percepção ruim que a população e a imprensa têm da relação entre políticos e empresários, principalmente, quando o político é do PT.

Diálogo:
– O senhor conhece o senhor Jorge Luz?
– Conheço.
– Pessoalmente?
– Pessoalmente. Eu tinha uma relação de amizade com ele. Eu fui líder do governo. Todos os empresários já me procuraram e já conversaram comigo. Eu fui líder do governo da Dilma. Qualquer empresário procura o líder do governo.

O final foi mais trágico. O ex-deputado estica o assunto sem oferecer novidade. Volta a bajular o entrevistador: “e como eu disse, só conversei isso com você”. Acusa um colega do jornalista, alguém do Estadão, que ele diz ter mentido e age como se tivesse mastigando alguma coisa que não consegue fazer descer. O entrevistador então interrompe, se despede e, como se o desastre da entrevista não fosse suficiente, o ex-deputado termina com a seguinte pérola: “Parabéns pelo seu jornalismo”.

 Por Jackson Vasconcelos

Foto: Marcello Casal Jr/aBr

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Dilma entra no BuzzFeed, mas pra quê?

Não sei se foi por orientação da assessoria ou não, mas a candidata a presidência da república Dilma Rousseff teve um perfil criado no site BuzzFeed, um coletor de posts sobre curiosidades e listas.

Apesar de a postagem ter alcançado mais de quatro mil curtidas e mais de mil compartilhamentos, não acho que esse seja o mais adequado ambiente para a promoção da discussão política.

Será que isso representará o mesmo número de votos?

É uma boa discussão: curtidas em mídias sociais representam um bom resultado nas urnas?

Mesmo seguindo a linha editorial do site, abusando dos gifs animados e recomendando uma lista de motivos para votar na candidata do PT, o velho “estar por estar” em um veículo de comunicação não é uma estratégia de quem propõe um debate com o eleitor.

O BuzzFeed também foi utilizado na campanha que levou Obama à vitória, mas temos que entender que a estratégia por lá está muito mais ligada ao levantamento de fundos do que a captação dos votos dos eleitores.

– Campanha de Dilma cria postagem de apoio no Buzzfeed. (O Estado de S.Paulo)

Por Jackson Vasconcelos

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Cesar Maia divulga selfies de campanha via Tumblr

Cesar Maia, candidato ao Senado pela Coligação “O Rio em Primeiro Lugar” (PMDB, PP, PSC, PTB, PSD, SDD, PSDB, PPS, DEM, PMN, PTC, PRTB, PSDC, PEN, PRP, PTN, PSL e PHS), lançou mão de uma nova ferramenta digital para divulgar sua campanha: o Tumblr, mídia social mais voltada para promoção de imagens.

Maia utiliza a internet para interagir com o público desde 2005. No Tumblr, ele divulga um álbum só de selfies – fotos geralmente tiradas por celulares, que mostram a pessoa que as tira em primeiro plano, acompanhada ou não de outros participantes. Depois dessa ação, Cesar se autointitulou o “SElfieNADOR”.

O Tumblr do candidato do DEM (http://selfienador255.tumblr.com/) recebeu mais de mil acessos, em menos de uma semana.

Por Jackson Vasconcelos

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Pensando fora da caixa

É fato que o mundo mudou e muito.

Com a comunicação não seria diferente. Novas tecnologias continuam em franca expansão e as mídias e redes sociais têm chamado mais a atenção dos políticos.

É o caso do candidato ao governo da Bahia, Paulo Souto (DEM), que aderiu ao uso da ferramenta de mensagens instantâneas Whatsapp para divulgar o jingle da sua campanha. Aqui.

Na política atual, há cada vez menos espaço para o lugar comum.

O que você, candidato, está fazendo para surpreender seus eleitores?

Por Jackson Vasconcelos