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Dicró tinha razão?

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LetraOs políticos andam a dar péssimo exemplo e tem gente que culpa o povo pelas escolhas que faz. Mas, que material humano nos é oferecido para selecionar? Este papel cabe aos partidos e como não há neles democracia, que garanta aos filiados o direito de participarem do processo de escolha dos candidatos, a cúpula escolha e a convenção, por simples ato burocrático, confirma.

Se há coisa que não presta é partido sem democracia interna. O partido escolhe os candidatos, diz quais podem usar o tempo de TV e rádio para fazer propaganda eleitoral e deixam com o eleitor a incumbência cruel de escolher o menos pior, sem chance alguma de encontrar os melhores, porque esses ou não têm chance de concorrer ou quando têm, são usados simplesmente para compor o balaio de votos.

A autorização para candidaturas avulsas, sem partido, poderia resolver o problema. Quando não, uma legislação mais adequada para os partidos, seria o caminho ideal.

Por Jackson Vasconcelos

 

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Campanha Eficiente: Agenda

Calendário e agenda são coisas distintas em uma campanha eleitoral. A agenda precisa ajudar o candidato a conquistar votos. Então é fundamental avaliar previamente cada evento antes de confirmar presença. Quem estará lá? Quem levar? O que levar? Não será perda de tempo? Só após uma análise o evento deverá entrar no calendário do candidato.

Confira o 13º vídeo da série Campanha Eficiente, disponível também no canal da Estratégia e Consultoria no youtube.

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O PSDB ensina como perder eleições

 

É muito chato ouvir uma pessoa dizer mil vezes a mesma coisa e, pior, quando é algo que a gente está cansado de saber. No entanto, esse é o modo escolhido pelo PSDB para comunicar-se com o povo. As campanhas do partido foram marcadas por uma comunicação que dizia ao povo o que ele está cansado de saber, sem provar que conseguiria fazer melhor.

Somemos a comunicação do partido às vaidades dos tucanos de bico nobre e temos pronta a equação que os derrotou em quatro eleições presidenciais. Serra perdeu duas, uma para o Lula, candidato pela oposição, e outra para a Dilma, com todas as fragilidades de nobre senhora. Alckmin perdeu uma para o Lula, candidato à reeleição e o Aécio, outra, para Dilma na mesma situação.

O liberal Ludwig Von Misses, na obra Ação Humana, diz que os seres humanos mudam de posição diante de duas circunstâncias: a consciência de estar numa situação desconfortável, ruim, mas com a certeza de que a mudança será pra melhor. A linha de comunicação do PSDB mostra que a situação é ruim, hoje péssima, mas não passa a segurança de que com ele no poder será melhor.

A campanha do Lula contra o Serra apresentou o PT como a “esperança que venceu o medo”. Ou seja, com eles (PSDB) é ruim, comigo será melhor. Vitória! Depois, na campanha de reeleição do Lula, a mensagem do PT mudou. Com a gente está ruim? Com eles será pior. Vitória, novamente. E assim seguiu o bonde.

Mas, além de errar na comunicação, o PSDB erra na divisão interna. Na disputa do Serra com o Lula, Fernando Henrique Cardoso, na Presidência da República, fez corpo mole. Eu imagino que por vaidade pessoal: ser o intelectual que daria posse ao operário. Conseguiu. Na reeleição do Lula, Serra fugiu do pau. Fingiu que queria, colocou o Alckmin no fogo, não apoiou, porque eleito o Alckmin seria candidato, mais adiante, à reeleição. Alckmin perdeu.

Contra a Dilma, o Serra se antecipou, mas o Aécio Neves queria. Serra dominou o partido e o Aécio pediu uma saída honrosa, via prévias partidárias. O Serra impôs a derrota humilhante e não deixou haver prévia. Aécio, ferido, foi cuidar da vida e Serra partiu sozinho, sem Aécio e sem Fernando Henrique. Perdeu. Depois, na reeleição da Dilma, nitidamente deu o troco. Aécio seguiu até o segundo turno sem contar com o próprio partido.

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Por isso, a frase do Senador Aloysio Nunes Ferreira ao Globo, “Dilma faz o diabo para se aguentar no poder”, uma obviedade que todo mundo reconhece, aplica-se, de certo modo, ao PSDB, que faz o diabo para se aguentar fora do poder. Nada no movimento natural da política é capaz de ajudar os caras.

Por Jackson Vasconcelos

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Governadores, pra quê?

992271-28122015dsc_5852-Para não fugir ao costume quase religioso de dizer uma coisa e fazer outra, a Presidente da República extinguiu somente 346 dos três mil cargos que prometeu e deixa cair no esquecimento o aviso de reduzir o próprio salário, o do Vice-Presidente e ministros. O fato está noticiado no jornal O Globo, na reportagem “Promessa descumprida”.

Também para não fugir à rotina de demonstrar preocupação com os problemas nacionais, quando, na verdade, olham para o próprio umbigo, os governadores marcaram encontro em Brasília para preparar uma proposta de trabalho para o Ministro da Fazenda. O fato é noticiado também pelo O Globo.

Não resta dúvidas sobre a necessidade premente de o Estado Brasileiro gastar menos, não só para equilibrar as contas nacionais, mas, principalmente, para diminuir o peso que faz sobre os ombros dos contribuintes.

Como me parece há espaço para propor medidas, eu arrisco.

Boa providência seria acabar com os governadores, porque falta-lhes uma função específica, completamente útil, indispensável. Eles custam uma fábula ao contribuinte, porque usam motoristas, chefes de gabinete, assessores, empregados domésticos, recepcionistas, secretárias particulares, bajuladores e gente pra cuidar da primeira dama e dos filhos. Há notícias até de sogras, sogros, cunhados, cunhadas e animais de estimação beneficiados pelos laços familiares e de afeto com os governadores, péssimos gerentes de atividades que as prefeituras e a União já gerenciam. .

Os governadores criam estruturas, nomeiam e comandam empresas públicas, secretarias de estado, coordenadorias, departamentos, tudo o que a criatividade de um burocrata viciado em composições políticas é capaz de pensar em nome da cafetina que responde pelo nome governabilidade. Mas, a única competência exclusiva deles é a administração dos presídios e das polícias. E até isso fazem mal ou, como acontece como todo o resto, muitas vezes nem fazem.

Existirá, diante da tese, quem defenda a existência de governadores para o Acre, Amapá e Tocantins. Que assim seja, porque o ponto em defesa não invalida a ideia. Deixemos em paz, com vida em plena harmonia os governadores de lá, se eles não forem causa de evitar que apaguemos do mapa nacional, os governadores dos demais estados. As cidades de São Paulo, Minas, Rio de Janeiro, Paraná, Bahia, Pernambuco e etc, e etc, podem viver muito bem sem os governadores que as atormentam e custam caro.

Sem ter governadores, dispensados estão os deputados estaduais e as gordas estruturas que eles criam e comandam. Acabar com eles seria outra baita economia.

Não precisando eleger governadores e deputados estaduais, o povo gastaria menos, bem menos, com as eleições e as campanhas e o Brasil teria aproveitamento melhor para os palácios que chamam, país afora, de Assembleia Legislativa.  Eles poderiam ser transformados em escolas, hospitais, museus, já que é tempo deles.

Outra boa atitude em favor de um Estado mais barato seria impedir que os deputados, senadores e vereadores exercessem funções no Poder Executivo. Com a medida, suplente seria suplente, com custo zero para o contribuinte. Suplente só seria titular em definitivo, com a morte, renúncia ou dispensa do dito cujo.

Por todas as afrontas que o Estado Brasileiro pelo desempenho de seus agentes nos tem feito, nós, contribuintes, somos merecedores de alguma recompensa. Livrar-nos das despesas com estruturas completamente inúteis, principalmente, porque caras, seria a melhor.

Por Jackson Vasconcelos

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

 

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Campanha Eficiente: Pesquisa (Metodologia)

Para realizar pesquisas para campanhas eleitorais de forma eficiente é necessário utilizar os conceitos corretos. No questionário, é necessário fazer as perguntas de acordo com a estratégia traçada. A amostragem e o trabalho de campo são outros pontos fundamentais na realização da pesquisa. Porém, o mais importante é realizar a leitura correta da pesquisa, por isso a necessidade de contratar um instituto que realize um trabalho profissional.

Confira o novo vídeo da série Campanha Eficiente no canal da Estratégia & Consultoria no youtube.

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Impeachment? O problema está no preço

sergiopaulo-578x420.jpg.pagespeed.ce.rl0hWuEziyPor justiça, as lutas políticas deveriam ser pagas pelos partidos, sem o uso do Fundo Partidário, que é formado com o dinheiro dos impostos. Mas, não é desse jeito que a banda toca. A população paga as despesas e os custos, o maior deles, o tempo que corre como o Brasil parado ou andado pra trás. Há exemplos, que confirmam o fato.

O ex-presidente José Sarney fez a sociedade pagar um preço alto pelo desejo dele de governar cinco e não quatro anos. O projeto pessoal criou o mais veloz e cínico rodízio de cadeiras ministeriais e cargos públicos que se tem notícia e, em paralelo, houve larga distribuição de dinheiro do orçamento para atender deputados e senadores.

Afinal, o modelo de composições políticas instituído no Brasil só considera completos os ciclos de negociação que envolvam cargos e verbas públicas. O gabinete de ministros do ex-presidente Sarney, formado por 31 pastas, teve 65 políticos ministros.  O roteiro fez com que o Brasil ficasse inerte aguardando o final da história.  

Depois do ex-presidente Sarney, tivemos Fernando Collor de Mello. O homem começou impoluto, disposto a tudo para evitar um governo inchado e caro. Contudo, ele precisou negociar a permanência no governo, quando as decisões obscuras que tomou foram descobertas. Trinta e seis ministros ocuparam 17 ministérios para, somados com uma cachoeira de dinheiro público, impedir o impeachment. O Brasil parou, o povo gastou muito e nada disso adiantou. O sujeito foi defenestrado.

O ex-presidente Itamar Franco, sisudo e honesto conseguiu evitar as negociações espúrias. Houve alguém que até tentou empurrar o presidente, o Dr. Antônio Carlos Magalhães, da Bahia. Ele tentou chantagear o presidente com um dossiê de denúncias, que anunciou aos quatro ventos possuir. O presidente não caiu na história. Convocou o Dr. Antônio Carlos Magalhães ao Palácio para que ele apresentasse as denúncias e, sem que o denunciante soubesse previamente, colocou na sala de audiências toda a imprensa brasileira. Desmoralizou o político.

Fernando Henrique Cardoso caminhou bem, uma no cravo outra na canela, até que entendeu ser importante para o Brasil o que era importante também, principalmente, pra ele: a oportunidade de ser candidato à reeleição. Inteligente, ele preservou a área econômica e os ministérios da Saúde (José Serra) e da Educação (Paulo Renato) e entregou o resto aos políticos tradicionais. O Brasil parou um bom tempo, na expectativa da decisão do Congresso.

Depois, a festa do PT, uma bomba acionada no início do primeiro governo. A Revista Conjuntura Econômica, da Fundação Getúlio Vargas, denunciou o loteamento dos cargos públicos. Robert Fendt, editor da revista, foi demitido por pressão do Presidente da República.

Agora temos na pauta o impeachment da Presidente Dilma em conjunto com as denúncias de enriquecimento do Presidente da Câmara dos Deputados pelo tráfico de influência. O Brasil parou diante da derrama de dinheiro do orçamento e do rodízio nas cadeiras ministeriais. Há situações semelhantes às que envolvem os técnicos de futebol. Tem gente no ministério da presidente Dilma que já foi ministro de pastas diversas em momentos não tão diversos.

Até que se a Câmara dos Deputados decida sobre as denúncias contra a Presidente e o Brasil assista à cassação do mandato do deputado Eduardo Cunha e a possível prisão dele, o povo paga a conta, com desemprego, impostos altos, serviços públicos piores e a mais vergonhosa cadeia de falta de escrúpulos, de chantagens, mentiras e leviandades de toda sorte. No caso do Deputado Eduardo Cunha, há um sofrimento adicional: a exposição que ele faz do mais absoluto cinismo.

Vamos que vamos. Esse, lamentavelmente, é o Brasil que temos.  

Por Jackson Vasconcelos

 

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Campanha Eficiente: Pesquisa

Para aumentar a chance de vitória e reduzir o risco de perder uma eleição, é fundamental utilizar pesquisas. Os institutos possuem ferramentas que medem fatores fundamentais, como perfil e discurso. Porém, o candidato precisa ter convicção em suas propostas e sua própria imagem. Como exemplo, Fernando Collor de Mello e Dilma Rousseff.

Confira mais vídeos da série Campanha Eficiente no canal da Estratégia & Consultoria no youtube.

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Como será se a presidente for presa?

Poderia um senador ser preso e permanecer senador? Continuar preso, se é senador? A prisão do senador Delcídio Amaral abriu o caderno de dúvidas e o Senado ficou enrodilhado nele um tempo considerável. A sessão no plenário principal começou de um jeito e terminou de outro, porque os canais da internet entupiram com mensagens de eleitores berrando pela permanência do senador na prisão.

Delcídio está preso, então, diz o Senado Federal que um senador pode ser senador na cadeia. Estranho, não? Sabem por quê? Porque está preso um sujeito que tem as prerrogativas de:

  • Processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República, os Ministros de Estado, os Comandantes das três Forças Armadas, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, o Procurador-Geral da República, o Advogado-Geral da União, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, nos crimes de responsabilidade e os Ministros de Estado  e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles.
  • Aprovar previamente, a escolha de Magistrados, Ministros do Tribunal de Contas da União, Governadores dos Territórios, Presidentes e Diretores do Banco Central, o Procurador-Geral da República.

E não para aí. Tem mais. Há um sujeito preso que, por continuar senador, tem a atribuição de:

  • Autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e Municípios.
  • Suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal.

E há muito mais no artigo 52 da Constituição Federal.

Em tal situação, como deveriam ter agido os poderes da República?

O Ministério Público, ao conhecer as gravações que incriminam o senador e outras pessoas, deveria solicitar a prisão dos que não têm mandato e, imediatamente, entregar o caso do senador ao Supremo Tribunal Federal, que daria conhecimento do fato ao Senado. Por sua vez, o Senado encaminharia o assunto ao Conselho de Ética pela quebra de decoro. Vencido os protocolos, o plenário cassaria o mandato do senador, que seria, imediatamente, preso.
Nisso nascem duas questões? Quanto tempo tudo isso levaria? O senador seria mesmo cassado?

Ah! Aqui está o problema que justifica todo o procedimento com o senador Delcídio Amaral. O Senado Federal que temos não deveríamos ter. O Presidente está sob investigação pela suspeita de haver cometido crimes semelhantes ao do colega Delcídio. No Plenário está o senador Fernando Collor, tem todo o jeitão de um dia ser colega do Delcídio também de cela.

Na Câmara dos Deputados, casa vizinha do Senado por localização geográfica e irmã siamesa nos procedimentos, há um deputado que manobra como quer o Conselho de Ética para não perder o mandato. Ele é o exemplo melhor do como seria o caminho do processo de cassação do Senador Delcídio Amaral.

Bem, não dá pra terminar o artigo sem sugerir uma saída. Eu vejo o descumprimento da Constituição Federal como fizeram os poderes da República para manter preso o Senador Delcídio, até que a Constituição seja digna do nome ou o Senado, a Câmara e o governo, enfim, sejam dignos do papel que a Carta lhes confere.

Para poderes podres, uma Constituição sem valor é o melhor remédio. E, pra pensar até o nosso próximo encontro: Como será o Brasil se, porventura, a Presidente da República for presa? Haverá no presídio uma sala grande o suficiente para reunir todos os ministros nos dias de reunião ministerial?

Por Jackson Vasconcelos

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“Nem morrer de sede, nem morrer afogado”

O candidato que quiser saber, antecipadamente, se será eleito, deve procurar uma lâmpada e esfregá-la até dela sair um gênio. Pode também buscar a ajuda de uma cartomante ou de um adivinho ou, quem sabe, compreender as fases da lua? Se nada disso servir, que tal uma bola de cristal? Agora, se o desejo for saber o que deve ser feito para melhorar as chances de vencer, aí temos um trabalho bom para um Instituto de Pesquisa.

Pesquisas de intenção de votos, por mais apuradas e científicas que sejam, não indicam o resultado de uma eleição, mas a tendência. Quem acreditar nisso será surpreendido e, surpresas, podem ser agradáveis ou desagradáveis. Certamente, Fernando Henrique Cardoso carrega, até hoje, o peso da vitória por antecipação na eleição de 1985, para a Prefeitura de São Paulo. Ele sentou antes na cadeira de prefeito, provavelmente, embalado pelas pesquisas que contratou. Perdeu, mas a foto ficou.

As pesquisas informam, somente, o desejo do eleitor no momento em que elas foram realizadas. Com propriedade e conhecimento de causa, a diretora do Ibope, Márcia Cavallari, aproxima as pesquisas do conceito dos diagnósticos. “Não são prognósticos”, diz ela.

Isso, porque o eleitor decide com base nas informações que recebe a cada momento do processo. Diante de informações novas, o eleitor pode mudar a escolha que fez. Então, conhecer que fatos podem impactar a decisão a ponto de mudar a direção dela é uma cautela aconselhável, elemento essencial na composição do questionário de uma pesquisa.

A melhor informação de uma pesquisa de intenção de votos não é o nome do candidato que, por enquanto, vence ou perde. Mas, que fatores andam a responder pela vitória e derrota. Chuvas fortes que inundam a cidade poucos dias antes de uma eleição influenciam a intenção de votos dos eleitores numa campanha para prefeito?

Outro dado importante para avaliar as pesquisas é saber o universo pesquisado – a qualidade e tipo das amostras. Sim, porque, os pesquisadores não ouvem todos os eleitores, mas uma amostra do conjunto todo. O ambiente da coleta dos dados também influencia o resultado. Se capturadas no domicílio do eleitor, por telefone ou face a face ou, ainda, nos locais que os institutos de pesquisa chamam de “pontos de fluxo”, a conclusão pode ser diferente.

Por tudo isso, uma pesquisa isolada, que não permita identificar as possibilidades de movimento da intenção de votos tem utilidade zero para a composição do mapa estratégico da campanha, que é instrumento fundamental de trabalho.

Pesquisas isoladas nada medem e só servem para encher de alegria ou apreensão os candidatos, as equipes, parentes e amigos dele. E de dinheiro os institutos, porque pesquisas eleitorais são coisas que custam caro. Tanto que, na década de 30, mudaram a história de uma rádio para transformá-la no Ibope. O proprietário da “Cosmos”, rádio situada em São Paulo, resolveu descobrir a audiência que tinha e soube que nos Estados Unidos um estatístico, George Gallup, poderia dizer como. Foi lá, conheceu a metodologia, aplicou-a e descobriu que a audiência era sofrível. Fechou a rádio e inaugurou o Ibope.

Campanhas sem pesquisas são voos no escuro, com pesquisas de menos, desastre quase certo e, catástrofe completa, quando feitas só para alimentar o ego dos candidatos e garantir financiadores.

Pesquisa a gente faz, não uma ou duas, mas uma série, para que as fotografias dos momentos em sequência criem a ideia de movimento na direção do dia da eleição. A gente deve fazer também, quando, no curso do processo, algum fato novo tem cheiro de mudar o rumo da eleição.

A composição correta dos questionários de pesquisa é outra providência essencial para transformar informação em elemento estratégico. Não adianta perguntar o que já se sabe e o que não é fundamental para elaborar o mapa estratégico, trabalhar o perfil do candidato, moldar o discurso e organizar a campanha. Há por aí muita gente boa e experiente que erra na elaboração dos questionários de pesquisa e, por isso, fornece aos estrategistas, comunicadores e pessoal de marketing informações equivocadas. O resultado não é outro: campanhas sem pé nem cabeça, com muito marketing, pouca comunicação, discurso equivocado e etc.

A campanha passada para a Presidência da República é um case, que me mantém curioso até hoje. Sempre me pergunto: por que o Aécio Neves passou os dois turnos com um discurso de uma nota só, corrupção na Petrobrás, enquanto a principal adversária, Dilma Rousseff, corria sem ser incomodada no tema de fragilidade: a qualidade do governo? Deve ter sido coisa de pesquisa com questionário com elaboração defeituosa.

A equipe do candidato e ele mesmo devem evitar que as pesquisas produzam informações de menos ou de mais. E, neste caso, não vale o dito: melhor pecar pelo excesso do que pela falta, porque numa campanha eleitoral o excesso e a ausência dos dados essenciais empurram o processo para a direção errada.

Tem candidato que adora ter uma pesquisa pra chamar de sua. Pra dizer: “tô bem nas pesquisas”. E, neste ponto, encerro. As pesquisas não são instrumento de trabalho para os candidatos, mas para os estrategistas que orientam as campanhas. Tanto menos os candidatos participem delas, mas chances tem de não se deixar influenciar.  A regra, quando assunto é informação, vale melhor a dica: “nem morrer de sede, nem morrer afogado”.

Por Jackson Vasconcelos